Cientes disso, várias cabeças coroadas do esquerdismo tupiniquim continuam a defender os governos petistas com unhas e dentes, mesmo diante de tantas evidências e provas, não só dos crimes da dupla, mas de suas políticas intervencionistas e inflacionistas. Alguns atribuem tal postura ao fanatismo, mas estão enganados. Os caras de pau que ainda defendem os governos do PT estão, na verdade, lutando por algo que lhes é muito mais caro que a imagem de um partido ou político.
Os mandarins da esquerda tupiniquim têm pelo menos 50 anos de trabalho incessante e fartos recursos investidos na construção e exaltação do status moral elevado do Estado. Tal imagem deve ser resguardada a todo custo, sob pena de enormes prejuízos à causa. Assim, quaisquer eventuais falhas ou desvios de rumo devem ser considerados meros retrocessos temporários.
Por outro lado, o menor sinal de algum sucesso deve ser proclamado com campanhas de marketing exaustivas. O cidadão comum, despido de ideologia, deve ser submetido constantemente a homilias implacáveis sobre a santidade essencial do setor público. Não é por mero acaso que o senso comum do brasileiro médio esteve tão impregnado da crença nos direitos grátis, como se o Estado fosse capaz de prover algum produto ou serviço sem antes tomar os respectivos recursos da própria população.
O que Lula e Dilma fizeram em prol do liberalismo foi muito mais do que simplesmente reduzir o tamanho do Estado, sonho de 11 em cada dez liberais. Isso virá a reboque, assim espero. O que eles fizeram foi algo ainda mais aterrorizante, pelo menos do ponto de vista dos ideólogos da esquerda, que ainda insistem em defendê-los: eles arruinaram o dogma do Estado benevolente e provedor e, assim, desacreditaram suas santas instituições. Hoje, o cidadão brasileiro olha para o Estado e seus representantes com imensa desconfiança.
A História já demonstrou de forma cabal que o velho sistema de comando e controle estatal não pode durar para sempre, seja pela própria ineficiência do setor público, seja pela voracidade dos seus agentes e protegidos. O problema é que as sociedades muitas vezes demoram demais a perceber isso, e talvez este seja um dos papéis mais importantes que a Operação Lava-Jato está, ainda que involuntariamente, representando neste grande drama da vida brasileira. E é precisamente por isso que sua atuação tem levado os partidários do esquerdismo empedernido a atacá-la de forma tão dura e implacável, tentando defender o indefensável, justificar o injustificável, na esperança de manter viva uma ideologia zumbi.
João Luiz Mauad
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