segunda-feira, 17 de abril de 2017

Na corrupção, a Odebrecht acabou comprando parte do poder do país

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Esta é a constatação – ao mesmo tempo chocante e revoltante – que parte da população brasileira faz, ao assistir a reprodução dos videos em que aparecem delatores da Odebrecht revelando com a maior naturalidade ao subornos que pagaram no mar da corrupção que atingiu o país. Observa-se que o comportamento tanto dos subornadores como dos subornados refletia uma prática normal, comum. Com a maior insensibilidade, pessoas dos campos políticos e administrativos procuravam os dirigentes da empresa para oferecer seus serviços. Tudo isso que veio à tona expõe uma situação degradante.

O patriarca Emílio Odebrecht, ao depor perante o Ministério Público, chegou ao ponto de dizer que os casos de suborno eram uma ajuda que a empresa proporcionava àqueles que a procuravam oferecendo trocas compensatórias. Isso de um lado. De outro, um dos ex-executivos da Odebrecht calculou na escala fantástica de 3 bilhões de dólares a soma aproximada do total das concessões.

O que os delatores não dizem, pelo menos não disseram até o momento, foi o montante dos sobrepreços e superfaturamentos que constituíram a fonte dos sombrios desembolsos. Não é difícil calcular. Pelo menos custaram o dobro dos pagamentos feitos para consolidar e conquistar obras públicas.

O ex-presidente da empresa Emílio Odebrecht, ao depor, assumiu uma posição de um homem cordial e bondoso. Mas esta é uma outra questão. No fim de tudo, a Odebrecht vivia irrigando seus campos de operação através de canais que atraiam cada vez mais candidatos a receber dinheiro ilícito. O perfil psicológico do simpático patriarca não exclui a empresa dos crimes de que participou.
 A corrupção assumiu um caráter avassalador e, como era de prever, atingiu a Previdência Rural. Reportagem de Geralda Doca, em O Globo de domingo, focaliza esta questão com base em dados da própria Previdência Social. Em quatro anos, 37 mil benefícios foram cancelados, por serem falsos custando 406 milhões de reais. A atuação do INSS no meio rural tornou-se extremamente vulnerável com a distribuição a torto e a direito de aposentadorias pelo menos duvidosas.

Este é um tema só agora abordado pelo próprio Ministério e que ilumina uma face oculta do sistema. Portanto qualquer reforma da Previdência tem que começar a partir deste ponto, ao invés de restringir direitos consolidados.
O Brasil vive um período extremamente crítico e que inevitavelmente terá que expor fatos concretos e respectivas responsabilidades. As ondas estão batendo forte demais na estrutura política e administrativa do país. A corrupção desvendada mostra bem o atraso que atingiu a sociedade brasileira. Os culpados estão surgindo e nesse processo o país terá que adotar um novo comportamento.

No presente e para o futuro.

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