A moto parou no sinal vermelho.
Apareceu como um raio, arma em punho, apontando para a cabeça.
– Passe a carteira, se tem amor à vida.
Branco de medo. Na garupa da moto a mulher chorava.
– Entregue logo, o que está esperando?
Adiante, o ladrão abriu a carteira, contou as cédulas com o dinheiro gordo. Todo risonho. Começava bem o dia.
De repente foi lançado ao ar. Caiu estatelado. A moto pegou a dele em cheio. Era aquele mesmo motoqueiro, que tinha sido antes a vítima daquele mesmo cara de cabelos grandes e olhos sanguíneos, pilotando uma moto veloz. A vítima, que de repente virou o agressor, melhor dizendo, agente, pegou a sua carteira que caiu no chão com o dinheiro gordo.
Saiu disparado na moto, a mulher na garupa cantando.
O ladrão entrou na delegacia, zangado.
O rosto inchado, o corpo doendo.
Contou o ocorrido ao delegado.
Várias costelas quebradas, o corte no rosto.
Perdeu quatro dentes, a boca ferida, a língua machucada.
Gosto de sangue pisado.
Escapou por sorte.
No final declarou:
– Quero ser indenizado.
Indenização gorda. Direito líquido, certo, inquestionável, pensou com a careta feia que fez no rosto.
Providências cabíveis deviam ser tomadas. Urgentes. O caso exigia rapidez em razão da estupidez daquele motoqueiro imprudente. Imprudência, negligência ou imperícia. Fosse o que fosse.
Cyro de Mattos
Nenhum comentário:
Postar um comentário