quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Às vésperas do Carnaval, Temer rasga a fantasia e comanda o bloco da corrupção

O governo Michel Temer é melhor do que a gestão de Dilma Rousseff, não há dúvida. Se a gerentona não tivesse sofrido impeachment, a situação estaria ainda muito pior, os próprios petistas admitem. Mas convém reconhecer que Temer também pode ser considerado um fracasso, embora tivesse amplas possibilidades de repetir o histórico desempenho de Itamar Franco, o melhor presidente desde Juscelino Kubitschek. No entanto, preferiu imitar a ex-amiga Dilma Rousseff e se cercou do que há de pior na política.

Em sua mais recente entrevista, o atual ocupante do Planalto jactou-se de estar fazendo um excelente governo, porque o país estaria começando a se recuperar. Mas é tudo conversa fiada. Estamos em pleno caos e ainda descendo a ladeira, com desemprego em alta e crescente desindustrialização, 12 governos estaduais em situação falimentar, muitas prefeituras na mesma penúria, rebeliões em presídios, caos urbano, não há razões para otimismo.


É claro que a culpa não é de Temer, que herdou a crise, mas ele já está completando oito meses no governo, tomou gosto pela poder e agora aproveita o Carnaval para sair do armário, arrancar a máscara da face e revelar por inteiro que sua principal fantasia é inviabilizar a Lava Jato.


Em Brasília não se fala em outra coisa. Depois de indicar para o Supremo um ministro que ousou mentir em entrevista coletiva, com tudo isso gravado em vídeo tape e transmitido nos telejornais, agora o presidente se prepara para nomear um ministro da Justiça que é contrário à Lava Jato.

Trata-se de Mariz de Oliveira, que é amigo pessoal e já deu entrevista como advogado de Temer. O criminalista foi um dos signatários do manifesto contra a Lava Jato, organizado pelo PT em janeiro de 2016. Além disso, posiciona-se contra a delação premiada. Chegou a defender um dos executivos da empreiteira Camargo Corrêa, mas largou o cliente quando ele decidiu fazer acordo de colaboração com a força-tarefa.

Pois é justamente esse assumido defensor de corruptos que o presidente Temer pretende nomear para o Ministério da Justiça, que comanda a Polícia Federal.

Na entrevista publicada segunda-feira, dia 6, Temer alardeou ter “preocupação zero” com a Lava Jato. Mas é “menas verdade”, como diria Lula da Silva. Temer é citado em várias delações. Uma delas, feita pelo senador cassado Delcídio Amaral (PT-MS), revelou que o atual governante foi “padrinho” de dois ex-executivos da Petrobrás denunciados por corrupção e lavagem de dinheiro – Jorge Zelada e João Augusto Henriques.

Temer na verdade só tem “preocupação zero” com as ações para cassar seu mandato no Tribunal Superior Eleitoral, onde o ministro Gilmar Mendes mantém tudo sob controle. Embora admita ser amigo de Temer há mais de 30 anos, o presidente do TSE – em afronta à lei – não se declara suspeito para julgar o réu com quem se relaciona.

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