Neste sentido, os egípcios, 3.500 a.C, jogavam dados – a cleromancia – para desvendar os tempos vindouros.
Em todas as civilizações, há registro de métodos e tentativas de decifrar o enigma que escapa da compreensão humana. A luminosa civilização grega cultuava Pítia ou Pitonisa (serpente) que, segundo a mitologia, era a sacerdotisa do oráculo de Delfos, frequentemente, visitada por celebridades e cidadãos comuns para ouvir conselhos.
Joe Webb |
Por outro lado, uma abordagem científica – a futurologia – oferece aos seus discípulos, no máximo, cenários ou eventos possíveis, prováveis e desejáveis.
Na transição dos anos, é muito comum o exercício de cenarização por parte dos cientistas sociais, particularmente politólogos e economistas, em relação ao ano que inicia, no caso, o que se espera para o Brasil em 2017.
Por prudência, cabe a seguinte ressalva: na atualidade, o ritmo vertiginoso das transformações consagra a mudança como uma regra e, por consequência, agrava a nossa angústia existencial diante da “modernidade líquida”, belíssima definição do recém-falecido pensador polonês Zygmunt Baumann. Belo e simples conceito para qualificar a era da incerteza que exibe uma profunda crise da razão.
Neste quadro, que prospecção se pode fazer em relação ao Brasil? 2016 terminou melhor do que começou.
A despeito do elevado nível do desemprego e recessão de 7% do PIB (2015 e 2016), alguns sinais apontam para uma recuperação lenta e gradual da economia: a limitação constitucional dos gastos possibilita um ajuste fiscal de médio e longo prazo; a inflação de 6,29% (IPCA) caminha em direção da meta; a redução da Selic em 0,75% indica um provável ciclo de redução da taxa de juros e, ocorrendo, estabiliza a trajetória Divida/PIB, hoje em 70%; o crescimento expressivo da exportação de manufaturados e semimanufaturados e de 15,3% do setor agropecuário (safra 2016/17) produz o efeito acelerador/multiplicador da economia.
Subitamente, o imponderável – a morte trágica do Ministro Teori Zavascki – “uma trapaça da sorte”, na feliz expressão do Ministro Luís Roberto Barroso, joga um penumbra sobre o futuro do Brasil. Que seja, apenas, uma penumbra e que a trapaça pare por aí.
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