Conversei duas ou três vezes com o governador – e senti nele sincero interesse em equacionar os problemas da educação estadual. Ele me falou da admiração que sentia pelo Brizola – e por sua obsessão pela educação.
Em quatro meses, apresentei o meu relatório, que, entre outros pontos, sustentava dois pontos:
1 – Fazer os professores voltarem para as salas de aula. Os dados indicavam que mais de 45% dos professores de Rondônia, que estavam na folha da educação, estavam alocados nas diversas secretarias e estatais do estado. Quem leu a carta de Caminha sabe do que eu estou falando. As escolas tinham déficits de professores. O secretário queria fazer um concurso e contratar professores – o que era absolutamente desnecessário.
2 – Estabelecer um amplo plano de reforma das escolas, pois os índices internacionais mostravam que não havia necessidade de novas construções, a não ser em casos específicos. Muitas escolas estavam danificadas, mas também pudessem ser reformadas. Em suma: minha proposta era no sentido de que só se construíssem novas escolas em último caso.
Meus amigos: foi um escândalo. Fiz uma reunião com professores (num auditório, sem ar condicionado!) – e eles só faltaram me linchar. Retruquei duramente, mas os professores mantiveram-se irredutíveis. Um deles, um sujeito gordo e baixo, que se apresentou como cacique de uma tribo qualquer (não lembro), me disse que preferia morrer a voltar para sala de aula. A frase era uma besteira, mas o cacique foi aplaudido. Uma professora pediu a palavra e disse que o marido tinha uma construtora especializada em construir escolas: o que será do meu marido?
Hoje vi estudantes e professores nas galerias da Câmara berrando contra a PEC dos gastos. Em São Paulo, uma passeata (uns 250 sujeitos) gritava contra a PEC dos gastos e da reforma do ensino médio. Esses meninos estudam? Os professores ensinam? Mais importante: os meninos e professores leram as duas PECs, ou apenas seguem os “brilhantes” Molon, Maria do Rosário, Benedita, Feghalli.
Não vejo saída para o Brasil.
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