Nada de tentar parecer cordial, hospitaleiro, tolerante. Isso é passado. E, tudo indica, distante. Todos apaixonados pela própria voz. Muita voz. Poucos ouvidos. Inteligência, nenhuma.
Faz tempo que a gente não conversa para entender. Cada som, cada palavra, cada ato, é somente para convencer. Ou melhor, converter. E, para aqueles que estão do outro lado da conversa, resta somente a rendição. Ou o combate sem tréguas.
John Kenn |
Não é mais assim. Graças à mídia social. Agora, acabou a distancia entre o pensamento e a publicação. Protegidos às vezes pelo anonimato, mas sempre pela frieza da tela, abusa-se do privilégio de falar. Talvez porque não ser compreendido tenha deixado de ser importante. E foi assim que os chatos venceram. E a chatice invadiu tudo.
Agora, todos falam o que desejam sem prestar atenção àquilo que não sabem. Ideias dissonantes são rapidamente combatidas. Aqueles que discordam, rotulados. Com rótulos de todo tipo, desde que seja depreciativo. Ou que sirva para denegrir e destruir reputações e credibilidade. E, se os rótulos não funcionam, vale a ofensa. Nada como violência verbal para destruir comunicação. Funciona mesmo. E, por funcionar, é utilizada a exaustão.
Preferimos perder amigos, brigar com a família, destruir relações a dar o braço a torcer. Impor as próprias ideias é tudo o que importa. Em qualquer circunstancia e ao arrepio dos fatos. Realidade, afinal, não tem mais valor. Apenas o gogó conta. E haja gogó.
Passo a passo, fomos abraçando a chatice. Brigamos com a vida. Ensurdecemos. Embrutecemos. Convivemos com a ignorância. Desaprendemos a sorrir. Quando rimos, é da destraça alheia. Acima de tudo, chatos.
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