Um lobisomem cobiça o ouro olímpico?, indagaria o monstruoso Ivan, diretor deO Segredo da Múmia (1982), entre outras obras-primas. Suspense. Desculpa aí, Brasil Oficial q ue se leva a sério. Só rindo, mas o circo governista, policial, jurídico e midiático montado para caçar esses meninos do WhatsApp, precisa ser mais explicadinho, trocado em miúdos de pedagógicos sarapatéis paulofreirianos. Não convence uma pá de gente, mesmo uns cidadãos assustados que conheço em ambientes familiares. Em matéria de assombração, só o chupa-cabra explica a pátria mameluca!
E essa história de levar a molecada supostamente terrorista para lugar não-dito e não-sabido? Isso me lembra, caríssimo Ivan Cardoso, não o terrir, pois não tem graça, me lembra o terror —nada virtual ou cinematográfico— dos porões militares. No mínimo um resquício no inconsciente do governo em exercício ou do golpe em andamento, como preferir o generoso leitor deste panfletário colunista.
Pedagogia da esquina
Ali pelo oitavo chope, chegamos à conclusão de que todos os problemas eram insolúveis, disse, me disse certamente, ontem à noite, o amanuense Belmiro. Pobre Belmiro, um desses escravos da burocracia de um escritório do centro. Conheci o sábio Belmiro, graças ao velhíssimo camarada Cyro dos Anjos, outro que bebe conosco aqui na esquina do Príncipe de Mônaco, ai de mim Copacabana.
No que, além do terrorismo diário do Rio de Janeiro, falamos também da chatice olímpica. As tropas, daqui a pouco, nos proíbem de mirar as bundas, Copacabana é farta em bundas de todos os gêneros. A escola do "terrir" sabiamente inclui o sexo, como terceiro elemento —error, humor e sacanagem, por supuesto.
Que triste tem ficado o Rio eternamente sequestrado pelos grandes eventos. Seja a Jornada da Juventude do papa Francisco, o fofo da eucaristia (pense numa cidade cara desde essa época!), seja a Copa do Mundo, ave, seja qualquer onda. E agora só faltava essa ameaça de terrorismo para uma gente que sabe o que é isso desde a Guerra Fria, no mínimo.
Na buena, esse povo cordial brasileiro, incluindo a nossa polícia exterminadora na periferia, já mata mais gente comum todo dia do que quaisquer célula islâmica. Vocês têm certeza que vêm ao nosso país, caros terroristas de verdade?
Xico Sá
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