“Por trás desse golpe, tem uma ambição muito forte pelo parlamentarismo. No Brasil, todas as transformações ocorreram pelo voto majoritário para presidente. No voto proporcional, há uma imensa quantidade de filtros, oligarquias regionais, filtros de segmentos que fazem com que, na maioria das vezes, o Parlamento no Brasil seja mais conservador que o Executivo”.Como constatou o comentário de 1 minuto para o site de VEJA, o palavrório reafirma que Dilma deveria ter sido demitida já no primeiro dia do primeiro mandato, no momento em que abriu a boca para tentar juntar sujeito e predicado. Não pode ser presidente da República quem não sabe falar a língua oficial do país. Tampouco se pode entregar o Brasil a uma incapaz capaz de tudo. Assassinar a História, por exemplo. Ou torturar os fatos com perturbadora selvageria.
Se, como informa um trecho do pronunciamento de hospício, existe “uma ambição muito forte pelo parlamentarismo” por trás dos procedimentos constitucionais que Dilma insiste em chamar de golpe, a declarante está obrigada a identificar os ambiciosos fantasiados de representantes do povo. Eduardo Cunha é carta fora do baralho. Renan Calheiros é um bom companheiro da Assombração do Alvorada. Rodrigo Maia foi apoiado pelo PT no segundo turno da eleição na Câmara. Como FHC foi senador há muito tempo, Dilma acabou de inventar o complô sem comandantes.
Desde a Proclamação da República, o Executivo só não controlou o Legislativo durante os períodos de crise que precipitaram o fim de governos sem sustentação no Congresso. Foi assim com Getúlio em 1954, com Jânio Quadros em 1961, com Fernando Collor em 1982 e com Dilma Rousseff desde o início do segundo mandato. Abstraídas tais exceções — além do Estado Novo e da ditadura militar —, quem sempre deu as cartas no Brasil republicano foi o inquilino do gabinete presidencial.
O presidencialismo imperial vigorou até mesmo entre setembro de 1961, quando o Congresso aprovou a instauração do regime parlamentarista para remover o veto dos chefes militares à posse do vice-presidente João Goulart, e janeiro de 1963, quando um plebiscito devolveu a Jango os poderes desmaiados. Formalmente, o país teve três primeiros-ministros em 17 meses. É até possível que Dilma lembre que um deles foi Tancredo Neves. Perderá dinheiro quem apostar que o neurônio solitário guarda na memória os nomes de Brochado da Rocha e Hermes Lima.
O tedioso velório da mulher condenada pelo povo à morte política é o derradeiro tapa na cara do país que ela quase destruiu. As delinquências que amparam juridicamente o impeachment são quase irrelevantes se confrontadas com as anotações em tons de cinza na alentada folha de desserviços à nação. A pior chefe de governo desde o Descobrimento conseguiu o aparentemente impossível: expandir a herança maldita que Lula legou.
O legado ampliado por Dilma inclui, entre incontáveis abjeções, o aparelhamento da máquina administrativa por liberticidas gatunos, a infestação de ladrões e ineptos disfarçados de ministros, a transformação de amigas quadrilheiras a servidoras da pátria, a entrega da chave do cofre a parceiros fora-da-lei, a inflação sem controle, o mundaréu de obras abandonadas, os 12 milhões de desempregados, a política externa da canalhice, o sistema de saúde em frangalhos, o sistema de ensino reduzido a usina de idiotas com diploma, a economia putrefata, a roubalheira institucionalizada e a agonia da Petrobras devastada pelo maior esquema corrupto de todos os tempos, fora o resto.
Dilma fez o que pôde para desonrar o cargo que ocupou e dinamitar os caminhos do futuro. É preciso abreviar os gemidos da alma penada, e anexá-la o quanto antes às más lembranças do passado.
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