sábado, 16 de janeiro de 2016

Lula e Dilma, com indicações partidárias, abalaram a Petrobras

As reportagens de Eduardo Bresciani e André de Souza, no Globo, de Beatriz Rulla, O Estado de São Paulo, e de Márcio Falcão, Rubens Valente e Aguirre Talento, Folha de São Paulo, edições de quarta-feira, ao destacarem o depoimento de Nestor Cerveró ao Ministério Público, convergiram para uma afirmação inquestionável: o ex-presidente Lula e a presidente Dilma, ao aceitarem indicações partidárias para cargos de direção da Petrobrás, contribuíram para abalar os alicerces da estatal, a economia brasileira e a classificação moral e financeira do país.

Pois os episódios em série deixaram claro que o objetivo dos autores dessas nomeações tinham como meta principal assaltar a Petrobrás, dentro de um processo de roubos sucessivos e progressivos. Não pode haver dúvida quanto a isso.


Pois através do Instituto que leva o seu nome, Luis Inácio Lula da Silva – está nos três mais importantes jornais do país – afirma que os diretores escolhidos foram indicados por partidos que apoiavam seu governo. Em pronunciamento anterior ele disse que tais indicações eram encaminhadas a ele por José Dirceu, então ministro-chefe de sua Casa Civil. Quer dizer em síntese: ele não se preocupava em saber as motivações ocultas, a capacidade técnica, tampouco a integridade daqueles aos quais assinava as nomeações. Incrível.

Por seu turno, a presidente Dilma Rousseff, no episódio no qual terminou por confirmar as sugestões do senador Fernando Collor para diretorias da BR Distribuidora, forte subsidiária da Petrobrás, sustenta ter tido suas palavras mal interpretadas por aquele ex-presidente da República. Qual seria então a análise correta? O fato é que as sugestões foram aceitas. Os resultados foram explosivos.

Os reflexos dos cheques em branco que Lula e Dilma assinaram, e que caíram nas mãos de ladrões, estão expostos nitidamente na reportagem de Antônio Pita e Fernanda Nunes, publicada no Estado de São Paulo, também de quarta-feira. As ações da Petrobrás recuaram ao valor nominal do exercício de 2004. Somando-se simplesmente os índices anuais de inflação do IBGE para os últimos onze anos, chegamos a um total aparente de 72,1%. O cálculo real, no entanto, vai muito além.

Se considerarmos o montante acumulado a submersão é bem mais profunda. O recuo concreto passará da escala de 90% no período. Isso sem levar em consideração as reduções dos investimentos, a perda do valor de mercado, o crescimento da dívida da Petrobrás, que ultrapassa o enorme limite de 101 bilhões de dólares. Os roubos acumulados, consentidos tacitamente, e aos quais se juntaram as grandes empreiteiras do país, aumentam a dimensão dos prejuízos. Eles vieram de todos os lados. A população paga o prejuízo.

Mas o episódio, em seu conjunto, não termina nesse ponto. Tem mais: é o resultado do fatiamento dos postos administrativos e das assinaturas irresponsáveis por parte de dois presidentes da República. Aos quais, pelas denúncias de Nestor Cerveró, incluem um terceiro: FHC, no caso da compra da empresa argentina Pecom pela Petrobrás. Será que os responsáveis maiores não desconfiaram de nada? Não parece possível. Isso porque todas as propostas de aquisição nesse nível de grandeza, a exemplo de Pasadena, devem merecer e concentrar atenções especiais. Porque – todos sabem – confiar nas pessoas mais próximas é o maior tóxico a envenenar o poder e, sobretudo, o país.

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