O Brasil deixou a “colônia” para se erguer à nação com aspirações soberanas. Enveredou pela industrialização e pela infraestrutura. Passou de “exótico” para uma pretensão de “ocidental”.
JK implantou a nova capital no seu centro geográfico, deu-se a fomentar o progresso pelo desenvolvimento econômico. Criou as premissas e as bases que permitiram passar por 20 anos de turbulências sem afundar.
Não só de café o Brasil passou a viver. Saudades de JK neste momento de fechamento do exercício de 2015 e de previsões para 2016.
Acabou-se um ano terrível, jogado fora. Um ministro com todos os poderes empunhou a faca pela lâmina e tentou cortar o queijo com o cabo. Um ministro que, para ser explicado, precisa chamar a preguiça, o bicho que, faça chuva ou faça sol, de dia ou de noite, segue com lerdeza, refratário ao clima e até à proximidade do risco que agita os demais.
No ano que precisava de dinamismo, competência, disposição na gestão dos desafios, a presidente Dilma confiou em (e insistiu em dar confiança a) um medíocre “emprestado do Bradesco”.
Resultado: 3,5% de queda do PIB, 5,6% de queda da arrecadação, 1,5 milhão de trabalhadores que se transformaram em desempregados, contas públicas detonadas.
Difícil será ter saudade dele. Ele voltou ao Bradesco, que em 2015 teve o maior lucro de sua história, com a missão cumprida. A conta ficou com a nação, que trabalha e contribui.
Apesar de Dilma, na sexta, ter ficado “estarrecida com o FMI” – cuja avaliação segue em gênero e grau a maré mundial –, o Brasil se aprofundou num descrédito sem precedentes. A persistência da presidente, contumaz em errar nas escolhas, colocou o Brasil na berlinda.
Na terça-feira (19.1) o Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz, em Davos, com o mundo voltado ao Fórum de Economia, deu seu parecer cáustico:
– A política monetária brasileira (taxa de juros) estrangula a economia. Não tem como crescer praticando uma das mais altas taxas de juros do planeta (ainda bonzinho poupou a carga tributária e a burocracia);
– O modelo que pretende combater a inflação pela elevação dos juros (adotado pelo BC brasileiro) está desacreditado no mundo inteiro (menos que no Brasil de Levy e Tombini);
– Aumentar os juros serve no caso em que a inflação decorre de excesso de demanda. Caso contrário, a alta dos juros mata a economia (no Brasil agoniza);
– No Brasil dois problemas se destacam: o colapso do preço das exportações e o escândalo de corrupção. E a política monetária deveria se contrapor a esses fatores. Porém, a política de juros estratosféricos está agravando esses problemas.
A autópsia do Brasil está aí. Quer dizer que vivemos à mercê de economistas idiotas emprestados pelos banqueiros? Infelizmente, apenas um Nobel fez com que o BC tremesse.
Os bancos secularmente fabricam crises, endividam os setores produtivos, o cidadão e, como usurários da Idade Média, subjugam o sistema agravando crises até a ruptura do sistema. Uma história que se repete.
Os portentosos lucros de 2015 dos bancos brasileiros permitirão aos fartos banqueiros cobrar por 30 anos mais rolagens de dívidas e comprar ativos a preço vil, de arremate. Só em 2015 o governo pagou R$ 500 bilhões de juros (10% do PIB nacional) ao sistema financeiro. Equivale a cerca de dez vezes o que a União gastou com saúde.
O Nobel Stiglitz ainda alertou: “O desemprego, mais que a inflação, é a verdadeira causa da instabilidade social (e da queda de governos). Portanto, os países têm que colocar a geração de emprego e renda como o centro da política econômica (no Brasil o centro é banqueiro, não o emprego). E os Bancos Centrais têm também que trabalhar nessa direção”.
As teclas da política de Levy (com aplausos dos economistas nacionais e incensada pela imprensa especializada) tocaram por 12 meses, e, no limite da irresponsabilidade, ele formulou uma proposta de aumentar em 150% as contribuições das empresas. Uma condenação à morte de emprego, ainda, reeditar a CPMF, um imposto regressivo que encarece a cesta básica e acaba com o que resta da competitividade do produto nacional, ou seja, mais desemprego. De reflexo, Levy possibilitou com os “juros mais altos do mundo” que bancos tivessem ganhos absurdos.
No Brasil, rifado pelos banqueiros e pelos corruptos, não se valoriza a qualidade dos impostos. Arrecadar admite qualquer meio, por mais regressivo e destrutivo que seja.
As palavras do Nobel da Economia acertaram no peito o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini (digno parceiro de Levy em 2015), que “estrangulou a economia brasileira”. Sem carapuça, Tombini, na quarta-feira (20.1), se desmentiu depois dos reiterados lances de um aumento de 0,50% da Selic. O Copom, um coreto que ele dirige, manteve o insano nível de 14,25% da Selic, que de outra forma teria aumentado.
O fracasso brasileiro está na clareza meridiana das palavras de um Nobel, que não vive de prebendas de banqueiros do Brasil. Em 2015, o Brasil foi ferido, martirizado, sem necessidade alguma. E o pior está por vir com mais 2 milhões de desempregados previstos para 2016. Um nível de colapso e falência social.
A produção industrial no Brasil despencou em 9,5% (em Minas 12%), e a nova queda esperada do PIB é 3,6%. Para as indústrias, o fantasma da falência e volumes de queda no nível da década de 90.
Dos “50 anos de progresso em 5” de JK, vem aí que, em 2 anos, estaremos com 20 de retrocesso. Isso, sim, arrebenta um governo.
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