Seria mais fácil se o tal túnel existisse. Haveriam vantagens. Em um túnel, o único caminho possível seria o avanço. Não é muita, coisa, mais pelo menos a caminhada seria em direção ao futuro. Ou para alguma direção definida. Saber para onde vamos seria sim, um grande consolo. Luxo, até.
Mas, como tudo nos trópicos, não é tão simples. Já faz tempo que a gente vaga sem direção. No escuro. Tateando paredes. Tropeçando. Sem chegar a lugar algum. Produzindo o nada. Reclamando de tudo.
Saídas simples não estão mais a disposição. É um labirinto. Feito de incontáveis encruzilhadas. Complexo. Difícil. Cruel mesmo. Labirinto que se preza, confunde. Ilude. Engana.
Labirintos testam a inteligência. Torturam aqueles que optam por soluções simples, rápidas e (claro!) erradas. Exigem também compromisso com objetivos. Saber reconhecer a saída é fundamental para a jornada.
Nosso labirinto metafórico é dos mais difíceis. Feito de ilusões e becos sem saída onde a mentira soa sempre atraente. Vai confundindo os sentidos. Dando voltas. Até minar a esperança. Convencer da inutilidade do esforço. Cria discípulos de Sísifo.
A cada curva, revive o passado. Obscurece o presente. Escurece o futuro. Parece não ter fim. E, a julgar pela qualidade das decisões passadas, talvez não tenha mesmo.
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