Fui aconselhado a ler, ler muito. Machado, Guimarães, Rubem Braga, me trouxeram mais inspiração e menos transpiração, restando a tristeza de ouvir que alguns políticos se orgulharem de jamais terem lido um livro.
A questão na minha CPMF, indigna, improba e incorreta, era discutir como os poderes deveriam tomar decisões substantivas, na essência; pois nosso país cria leis passageiras, as que pegam e as que são esquecidas, nada substantivas, sem adjetivos ou dando margem a tantas interpretações. Ficando preso na legalidade, esquecendo o princípio da moralidade, o termo honesto vive sendo aplicado como um gerúndio: uma ação em movimento, que ainda não terminou, sempre esperando algo, às vezes uma grande surpresa ou decepção. Por mais que tentasse, não conseguia usar o honesto como substantivo, apesar de seu uso consagrado em nosso meio do tipo: “muito honesto” ou “bastante honesto”.
Precisava explicar que não é a honestidade da justiça curitibana, que está paralisando o país, ao desconsiderar as graduações e sofismas de nossa cultura em relação ao termo. Além disso há a questão da lei aprovada pelo legislativo, aplicada pelo executivo, com os conflitos arbitrados pelo judiciário. Seria simples se no Brasil não se buscasse o equilíbrio entre os três poderes, de forma fantasiosa, na figura de uma balança com três pratos, três pesos e três medidas.
Acabei capitulando na busca de uma construção elegante.
A maioria dos brasileiros sabe o que é honesto, paga 37% de sua renda em impostos e recebe migalhas para educação, saúde e segurança pública. Desconhece o nome do deputado ou senador que votou, passado um ano da eleição, apesar dos custos das campanhas. Mas esse mesmo eleitor é capaz de cantar a nova música de seu cantor eleito, assim como se lembrar dos títulos do seu time de futebol. É raríssimo um eleitor mudar de time de futebol, assim como votar no mesmo político.
Honesto é um adjetivo que falta aos políticos que alegam desconhecer que não existe almoço gratuito e que caixa-dois é crime. Deveriam estar presos, até por “incompetência criminosa”, pois mesmo gastando fortunas em marketing, continuam anônimos, fora do ritmo e jogando contra.
Chega de gastança para manter a cleptocracia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário