Com a demissão vexaminosa, foi pelo ralo a última réstia de esperança de surgir algo minimamente substantivo sob a batuta de Renato Janine Ribeiro.
Esqueçam. No governo da presidente Dilma Rousseff nada acontecerá no setor educacional, a não ser andar para trás. Ou para os lados, como caranguejo.
O agora ex-ministro foi recebido, quando de sua nomeação, com extrema boa vontade por educadores de diversos matizes, muito embora sua experiência como gestor público fosse escassa.
O acadêmico não disse a que veio, é verdade.
Impotente para fazer frente ao gigantesco corte do orçamento da Educação (o setor foi um dos mais afetados pelo ajuste fiscal de Joaquim Levy) o então titular da pasta assistiu, passivamente, o apagão das universidades federais, a drástica redução das vagas do Pronatec, o fim do Ciência sem Fronteiras, o aumento dos juros do Fies ou o brutal corte de verbas para a compra de livros paradidáticos e de ficção para os alunos do ensino básico das escolas públicas brasileiras.
Sem força política e carente de poder de aglutinação, Renato Janine travou sua batalha de Itararé com o também ex-ministro Mangabeira Unger, da finada Secretária para Assuntos Estratégicos - a Sealopra. Estabeleceu-se, assim, uma política educacional bicéfala, com Janine sendo responsável pelo Plano Nacional da Educação - uma miragem semelhante à Ferrovia Transoceânica e ao Trem-Bala - e Mangabeira por um “plano de concepção” com base em outra peça de ficção, o factoide Pátria Educadora.
Quem estabeleceu essa dualidade? A própria Dilma.
Na sua gestão, o acadêmico pagou outro mico. Anunciados os resultados catastróficos da Avaliação Nacional de Alfabetização de 2014, o Ministério da Educação simplesmente suspendeu o ANA de 2015, numa imitação daquela piada do marido traído e do sofá da sala.
Mas Renato Janine Ribeiro não caiu por qualquer um desses fatos.
O professor de ética e filosofia foi defenestrado precocemente porque a presidente precisava dar um prêmio de consolação a Aloizio Mercadante. E protegê-lo com o foro privilegiado.
O episódio é por si mesmo revelador da improvisação e da pouquíssima importância da educação no governo Dilma.
Quem o substituiu em 1º de janeiro de 2015? Cid Gomes, aquele meteorito cuja passagem pelo MEC foi mais célere do que um raio.
Entende-se, portanto, o desalento dos educadores com a dança das cadeiras promovidas pelo governo do PT.
Em uma conjuntura de recursos escassos, de dicotomia entre a demanda da sociedade por uma educação de qualidade e a incompetência governamental para atendê-la, mais do que nunca se exige do Ministro da Educação capacidade de formulação além de habilidade para empolgar corações e mentes; pré-requisitos para comandar um grande pacto nacional, cuja agenda está dada desde o final do século passado e que começa com investimento em políticas públicas para a formação e capacitação permanente de professores.
Aloizio Mercadante é esse homem? Tem esse perfil?
De jeito nenhum. É o que se chama de liderança negativa, aquela que, tal qual Átila, onde pisa não nasce grama.
Como gestor, seu grande traço é a enorme capacidade de desagregar, para não falar de sua inapetência para ouvir, na sua soberba e arrogância. Ou não foram essas características que o levaram a se meter em tantas trapalhadas alopradas e a levar Lula a exigir a cabeça dele?
Nesse governo a educação chegou ao Portal do Inferno.
Nele, não tem mais jeito.
É como dizia Dante: "Deixai toda esperança, ó vos que entrais".
Nenhum comentário:
Postar um comentário