Qual a diferença entre a bonitinha Lidiane Leite e a, bem, Dilma Rousseff que padecem da mesma feiura política? A prefeita ladrona ostentação de Bom Jardim que confessou no Instagram que “o dinheiro tá sobrando” foi apresentada aos eleitores pelo ex-marido impedido de concorrer por ser ficha suja. A longevidade da carreira política de muitos bandidos encarnados em políticos mostra a doença que nos impede de mexer em time que está perdendo – o time é o país. É intrigante que vote em gente pior do que ele, submetendo-se a uma classe política desprezível.
Gilmar Mendes, vice-presidente do TSE, mostrou a Rodrigo Janot que os indícios ligando Dilma ao que ela está umbilicalmente ligada exigem investigação. Contudo, o Procurador desconfia muito de Eduardo Cunha, desconfia um pouco de Renan Calheiros e confia muito em Dilma Rousseff que o reconduziu ao cargo. Como não confiar na governante que convida para jantar quem está obrigado a investigá-la? Se Janot tinha desconfianças, digeriu todas no jantar em que lhe foram servidas certezas.
Na resposta a Mendes, quase abolindo o TSE, exorta os derrotados a aceitarem a vitória dos vitoriosos nas eleições. Não entendi: Janot está dizendo que Mendes e os investigadores da Lava Jato perderam a eleição? Sob a superfície gretada desse pensamentosinho que maneja determinado pau que nasce torto para dar em Francisco sem dar em Chico, há um país indignado, não pela derrota nas eleições (apesar da crônica de esgoto anunciada), mas pela perpetuação da derrota sob o governo que Janot resiste em investigar.
Em 2011, o SUS atendeu 390.048 pessoas com doenças diarreicas; 90% por falta de saneamento básico, um número africano. Metade era de crianças de 0 a 5 anos de idade, a faixa etária mais vulnerável e que tem nessas doenças uma das principais causas de morte. Mortes evitáveis e doenças cuja prevenção custa menos do que o tratamento. Então, sabe o projeto do governo federal em parceria com os estados de expandir o saneamento básico e racionalizar recursos para civilizar esses índices? Inexiste. Assim como quaisquer interesses do país invisíveis no horizonte dos patifes que o sacrificam no apego covarde ao poder cujo dia a dia se resume a si mesmo.
Não sabendo como saciar a obsessão tóxica de prolongar uma existência oca, a presidente a preenche com vexames sucessivos, inebriada na ilusão de que governa. A revogação inevitável da ressuscitação suicida da CPMF é o penúltimo deles. Pensando demonstrar força, mas sem vigor moral para reconhecer que o governo degenerado e zonzo é a razão da crise, a presidente metida a durona ostenta involuntariamente toda a sua fraqueza.
Nesta espécie de Bom Jardim expandido, o Procurador confirma que é inútil a nação esperar Janot e descumpre o dever de reconhecer que a diferença entre uma Lidiane foragida ostentação e uma presidente intocada é somente a ostentação, voluntária em uma e inconsciente na outra. Em dois anos – breves para ele, extenuantes para o Brasil –, terá a vida inteira para se envergonhar.
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