O processamento e refino da mistura dos hidrocarbonetos permitem a obtenção dos componentes que serão utilizados na produção de combustíveis, lubrificantes, fertilizantes, tintas e tecidos, por exemplo. Por isso, o complexo petroquímico adquiriu uma grande relevância para o desenvolvimento do Estado, com um investimento previsto de 8,4 bilhões de dólares, propiciando a criação de novas indústrias, o fortalecimento do setor de serviços e o crescimento sustentável do Estado.
Quando implantado, o projeto geraria mais de 200 mil empregos diretos ou indiretos, uma vez que inúmeras empresas transferir-se-iam para a região, constituindo importantes cadeias produtivas e de fornecedores do país.
Evidentemente, um empreendimento destas dimensões não poderia ficar restrito a um único município e, dessa forma, constituiu-se o CONLESTE, um consórcio com a participação de 15 municípios (mais de 2 milhões de habitantes), que vem executando um programa de articulação comprometido com a agenda do milênio, promovendo a melhoria dos programas de qualificação e capacitação dos seus habitantes e apoiando o incremento da competitividade das empresas.
A formação de quadros e a capacitação da mão de obra na região têm sido importantes, em função dos baixos índices locais de escolaridade.
A oferta de postos de trabalho, se correspondida pela absorção desta mão de obra, diminui as condições de pobreza e evita que profissionais de outras regiões desbanquem os locais, reduzindo o aumento da população à margem do desenvolvimento.
Os primeiros anos foram animadores, e trouxeram sensíveis transformações no desenvolvimento local. Hotéis e inúmeros prédios residenciais começaram a ser construídos.
Entretanto, a partir de 2012, a situação mudou. Em primeiro lugar, com a redução do preço do petróleo no mercado internacional, os royalties diminuíram sensivelmente, e muitos investimentos foram cancelados, com obras paralisadas.
A nova situação financeira da Petrobras resultou no redimensionamento do projeto e o que seria um complexo petroquímico, transformou-se numa refinaria e numa central de produção de gás, ambos com as obras paralisadas.
A consequência imediata foi a saída de muitos empreendimentos interessados em se instalar naquela região. Uma autoridade disse recentemente, com humor e ironia, que, se continuar desse jeito, vai acabar sendo um posto de gasolina.
Por força de minhas atividades profissionais, tenho viajado frequentemente para Campos e Friburgo, e passo por muitos dos municípios do CONLESTE. A situação é crítica, pois várias das iniciativas do Estado e dos municípios sofreram quebra de continuidade.
Além disso, surgiram os problemas típicos dessas crises, como o aumento da população de rua e dos índices de criminalidade, pois muitos postos de trabalho foram encerrados, a interrupção dos projetos de qualificação de mão de obra e a paralisação das obras de melhoria da infraestrutura das cidades.
Entendo ser decisiva a retomada das obras e de outros projetos estratégicos do governo federal para o Rio, apoiando o inegável esforço do Estado e das prefeituras, cada qual procurando fazer a parte que lhes cabe.
A Petrobras também deve priorizar a continuidade de seus investimentos na região pois, afinal de contas, esta é uma obra que interessa ao todo o país.
Paulo Alcantara Gomes
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