sábado, 1 de agosto de 2015

Dilma inaugura obra em bairro sem infraestrutura

Presidente participou de solenidade nesta sexta-feira em cidade fluminense; unidades não tinham água e luz um dia antes da entrega
No entorno do conjunto em Maricá, ruas estão asfaltadas pela metade
Empenhada em priorizar uma agenda positiva em meio à crise política e às revelações da Operação Lava-Jato, a presidente Dilma Rousseff entrega nesta sexta-feira, em Maricá, no Grande Rio, dois conjuntos habitacionais do programa Minha Casa Minha Vida cujas obras foram terminadas às pressas. Nesta quinta-feira, as 2.932 unidades divididas em dois condomínios não tinham água e luz. Além disso, os imóveis visitados pelo GLOBO ficam em bairros que não têm infraestrutura básica, como saneamento.

Os conjuntos, batizados com nomes de guerrilheiros que lutaram contra a ditadura, custaram R$ 195 milhões. A solenidade de entrega das chaves, que terá a presença do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e do prefeito Washington Quaquá (PT), também presidente regional da legenda, será no condomínio Carlos Marighella, em Itaipuaçu. Em frente, onde deveria estar creche, posto de saúde e escola — contrapartida da prefeitura no convênio federal — só há um terreno vazio.

Ontem, operários corriam com os últimos preparativos para receber Dilma: pintura de canteiros, limpeza de terrenos baldios e coleta de lixo. Não havia água nas torneiras nem para os funcionários da prefeitura que trabalhavam. Nas proximidades, era possível ver ruas asfaltadas pela metade. Não havia calçadas e meio-fio. Em Itaipuaçu, só a via principal, por onde vão passar as autoridades, tem pavimentação completa.
A rua não foi asfaltada por toda extensão do condomínio

Moradores andam por quase uma hora para pegar água

Moradora da região há 10 anos, a auxiliar de produção Meire Ribeiro da Silva, de 42 anos, empurrava um carrinho de mão com dois galões de água. A filha Camile, de 12 anos, tentava equilibrar cinco garrafas PET. Sob o sol forte, as duas caminhavam em direção à bomba de um poço artesiano clandestino.— Vou beber e fazer comida com água de poço. Nunca tivemos água aqui. A situação é péssima — lamentou Meire.

O comerciante Zali Coelho, de 38 anos, disse estar revoltado:

— Fizeram uma maquiagem para receber a Dilma.

No condomínio Carlos Alberto Soares de Freitas, no bairro Mucumba, o drama é o mesmo. Ontem, as 1.460 unidades não tinham luz e água, embora já tivessem as redes de abastecimento.

Os dois empreendimentos deveriam ter ficado prontos em dezembro de 2013. A inauguração foi adiada duas vezes por causa de greves de funcionários da empreiteira responsável pela obra e da demora na instalação de redes de energia. Gerente regional de Habitação da Caixa Econômica Federal, Pablo Costa Sarmento admitiu os problemas, mas ressaltou que tudo estará funcionando hoje. Washington Quaquá, por sua vez, disse que até janeiro de 2016 estarão prontos a escola, o posto de saúde e a creche. A Cedae informou que já inaugurou uma estação de tratamento e que fez obras para aumentar o oferta de água no município.

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