Cavernas de Miao Keng, em Tian Xing, na China, com 519 metros de profundidade; Foto:Robert Shone |
Pouco importa se a mula claudica. Se a vaca tosse. Se a porca torce o rabo. O bovino continua a marchar a passos largos em direção ao lamaçal. Parece ser esse o destino a que nos autocondenamos.
Entre um suspiro ou outro, a gente vai aceitando o inaceitável. E duvidando que no fim do túnel exista qualquer luz. Ou pior, acreditando que o túnel é infinito. Abraça-se o horror com a paixão dos desinteressados. Como se não fosse conosco. Como se não tivéssemos qualquer coisa ao ver com isso. Como se não fosse culpa (quase exclusivamente) nossa.
O triste, é que, se chegarmos ao fim do túnel, provavelmente não saberíamos o que fazer. Nestes tempos confusos, a gente tem se ocupado somente dos sintomas. I horizonte das soluções, cada vez mais curtos. A miopia vem travestida de pragmatismo. Parece não existir mais preocupação com o futuro. Ou melhor, parece não haver crença que futuro haverá.
Faz tempo que a gente lê sobre a (s) crise (s). Rios de tinta. Quilômetros de papel. Quantidades incontáveis de bites. Mas faz tempo também que a gente não lê qualquer coisa sobre o futuro. Ou melhor, sobre o que fazer para melhorar o futuro. Projetos parecem ter saído de moda.
Depois de arremessar pela janela as oportunidades vindas de anos de bonança, assiste-se quase que passivamente a falência generalizada dos modelos e crenças carcomidos, ultrapassados.
Seria boa hora para rever conceitos, aperfeiçoar modelos, prevenir problemas futuros. Seria. Mas prevenir não parece ser uma de nossas prioridades. Correr atrás do prejuízo é vicio e mania nacional. Coisa nossa.
Nesta mistura de desinteresse, improviso e desespero, mora uma das raízes das crises cíclicas. Foi assim que o país do futebol virou a terra do voo de galinha. Condenado a reviver pesadelos passados.
Talvez não exista mesmo nada de novo embaixo do Sol. Mas a gente não precisa escolher o atraso.
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