As universidades federais têm contribuído de forma inequívoca para o crescimento do país. Sua participação começa com a formação de profissionais extremamente qualificados que se transformam em protagonistas no incremento da competitividade das empresas, atuam no magistério e são preparados para a realização de projetos de pesquisa que colocam o Brasil entre os dez países que mais rapidamente aumentam a sua produção científica. Aliás, nosso país representa mais de 60% da produção em ciência e tecnologia de toda a América Latina, desde o México até a Argentina.
Nas universidades federais surgiram as incubadoras e os parques tecnológicos, responsáveis pela instalação de inúmeras empresas inovadoras. A parceria das universidades com as empresas estatais vem contribuindo fortemente para a maior participação destas no cenário econômico mundial.
Julgo interessante mencionar que a estreita colaboração com a Petrobras possibilitou a formação de centenas de mestres e doutores e a geração de tecnologias que promoveram um aumento significativo da nossa produção de óleo e gás.
A contribuição das universidades têm sido determinante para a melhoria das condições ambientais, para o planejamento das cidades, para a oferta de soluções mais econômicas na habitação e, ainda, para o desenvolvimento social. Das suas faculdades de educação surgem propostas para a educação fundamental e o ensino médio e de educação continuada para professores das redes estaduais, contribuindo para o aperfeiçoamento do processo ensino-aprendizagem.
No que concerne às ciências da vida, a presença das universidades federais não é menos significativa. O trabalho desenvolvido nos Institutos da área de saúde vem permitindo grandes avanços em setores relevantes da medicina, como células-tronco, biologia molecular e neurociências.
Erra quem pensa que a realização de projetos em parceria com empresas será a grande "panaceia" para solucionar a crise econômica das universidades.
É importante e salutar transferir conhecimentos para as empresas, mas os professores não podem e não devem dedicar mais de 20% do seu tempo a tais projetos (limite adotado nas boas universidades do mundo) para não sacrificar suas pesquisas e seus cursos, missões de qualquer universidade.
As indústrias também procuram as universidades pela capacidade laboratorial nelas existente.
Vocês já imaginaram se uma pequena empresa inovadora tivesse que adquirir um difratômetro ou um espectrógrafo, equipamentos frequentemente necessários e que chegam a custar centenas de milhares de dólares? Este é um investimento que deve ser parte do orçamento de custeio das universidades.
Errou o governo, quando, há cerca de dez anos, decidiu expandir a rede de instituições federais de ensino superior, estratégia louvável, mas que exigiria um comprometimento com a sustentabilidade de todos os participantes da rede.
Não houve o planejamento adequado e os resultados estão aí: obras paralisadas, laboratórios sucateados, quadro de pessoal insuficiente nos hospitais, cortes de luz por falta de pagamento, bolsas canceladas.
Entendo que, neste caso, a greve não é uma das responsáveis pela tragédia anunciada, porque, mesmo sem ela, as universidades estariam paralisadas pela completa falta de recursos. É preciso que este governo, que criou o lema "Pátria Educadora", tenha o discernimento de identificar adequadamente as prioridades.
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