Corremos sério risco de ter uma presidente, por quatro anos, aprisionada nas redomas do Palácio do Planalto. Que reina, mas não governaO que foi dito pelo Palácio do Planalto logo após ser surpreendido pelo panelaço do último domingo não convence sequer o mais crédulo e fanático petista. Acusar a classe média, a burguesia e a oposição de querer um terceiro turno eleitoral, e desqualificar a barulhenta manifestação, é mero discurso para consumo interno. É a única e quase desesperada linha de defesa ao alcance das mãos de uma presidente isolada de tudo e todos.
Dilma e seus estrategistas sabem muito bem que o panelaço foi a ponta do iceberg de um estado de espírito existente em diversos segmentos da sociedade.
A ira dos brasileiros vem crescendo desde as eleições e tende a se avolumar cada vez mais. Não é difícil entender as razões.
No mundo conectado de hoje, ninguém muda de discurso, da noite para o dia, impunemente. A transparência passou a ser um valor a partir do qual os brasileiros julgam seus políticos.
Ora, a presidente adotou durante a campanha o discurso de Alice no País das Maravilhas. Fez mais: acusou seu adversário, afirmando que, se vencesse, ele promoveria desemprego, recessão, aumento de juros e o diabo a quatro.
Pois bem, eleita Dilma deu um cavalo de pau na economia, e fez tudo o que disse que seu adversário faria. Legitimamente, os brasileiros, mesmo parte dos seus eleitores, se sentiram logrados, vítimas de grossas mentiras.
Perceberam que o país não vivia em um conto de fadas, como vendia a candidata Dilma, mas em um filme de terror, uma crise econômica gravíssima, na qual recessão e inflação andam de mãos juntas.
A ira do povo aumentou ao constatar que a presidente vinha com mais uma história da carochinha: a conversa de que a crise econômica era produto da situação externa e da seca, que ela repetiu no pronunciamento na TV no Dia da Mulher, na tentativa de transferir responsabilidades, de livrar a cara de seu governo.
Leia mais o artigo de Hubert Alquéres
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