segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Crônica (atual) de velhos tempos



“A nobreza e a lacaiada não são as únicas salsas dos assaltos e roubos que vos deixam desolado”

Os homens fizeram os reis para os homens e não para os reis; colocaram chefes à sua frente para que pudessem viver comodamente ao abrigo das violências e dos ultrajes; o dever mais sagrado do príncipe é velar pela felicidade do povo antes de velar pela sua própria; como um pastor fiel, deve dedicar-se a seu rebanho, e conduzi-lo às pastagens mais férteis.

Sustentar a miséria pública é a melhor salva-guarda da monarquia, é sustentar um erro grosseiro e evidente; onde se veem mais querelas e rixas do que entre os mendigos?

Qual o homem que mais deseja uma revolução? Não será aquele cuja existência atual é miserável? Qual Estado? Não será aquele que com isso só pode ganhar por nada ter a perder?

Um rei que provocasse o ódio e o desprezo dos cidadãos e cujo governo não pudesse se manter senão pelas vexações, pela pilhagem, pelo confisco e pela miséria universal, deveria descer do trono e depor o poder supremo. Empregando estes meios tirânicos, talvez pudesse conservar o nome de rei, mas de rei não teria mais nem o ânimo nem a majestade. A dignidade real não consiste em reinar sobre mendigos, mas sobre homens ricos e felizes”

Thomas Morus (1478-1535)

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