“A nobreza e a lacaiada não são as únicas salsas dos assaltos e roubos que vos deixam desolado”
Os homens fizeram os reis para os homens e não para os reis;
colocaram chefes à sua frente para que pudessem viver comodamente ao abrigo das
violências e dos ultrajes; o dever mais sagrado do príncipe é velar pela
felicidade do povo antes de velar pela sua própria; como um pastor fiel, deve
dedicar-se a seu rebanho, e conduzi-lo às pastagens mais férteis.
Sustentar a miséria pública é a melhor salva-guarda da
monarquia, é sustentar um erro grosseiro e evidente; onde se veem mais querelas
e rixas do que entre os mendigos?
Qual o homem que mais deseja uma revolução? Não será aquele
cuja existência atual é miserável? Qual Estado? Não será aquele que com isso só
pode ganhar por nada ter a perder?
Um rei que provocasse o ódio e o desprezo dos cidadãos e
cujo governo não pudesse se manter senão pelas vexações, pela pilhagem, pelo
confisco e pela miséria universal, deveria descer do trono e depor o poder
supremo. Empregando estes meios tirânicos, talvez pudesse conservar o nome de
rei, mas de rei não teria mais nem o ânimo nem a majestade. A dignidade real
não consiste em reinar sobre mendigos, mas sobre homens ricos e felizes”
Thomas Morus (1478-1535)
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