Ao fim e ao cabo, até para controlar a mídia, o maior entre
todos os desejos, o PT mantém a marca da esquizofrenia.
É uma obsessão, uma doença crônica. Não há encontro do PT ou
de maioria petista que a tal da regulação da mídia não seja um dos eixos
estruturantes das discussões, para não fugir à linguagem que faz sucesso entre
esta turma.
No primeiro encontro do Diretório Nacional do PT depois das
eleições, encerrado ontem, o tema esteve lá o tempo todo, desde a abertura. “A
presidenta já fez menção sobre a regulação da mídia e deve lançar uma consulta
pública sobre essa questão em 2015”, garantiu Rui Falcão, que dirige a sigla.
Apareceu ainda espalhada em documentos diversos. Neles, a
diaba da mídia é acusada de todos os males – especialmente de divulgar as
denúncias de corrupção que quebraram de vez o encanto do partido que se dizia
guardião da moralidade.
Sob os domínios do ex Lula, o PT tentou aprovar a criação de
um órgão regulador, o Conselho Nacional de Comunicação, e de mecanismos de
controle da mídia. Foi rechaçado. No Congresso Nacional e fora dele.
Em 2009 a tese do cabresto emergiu com força a partir do
“clamor” de centenas de representantes da autoproclamada mídia independente
reunida na Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), integralmente
patrocinada pelo governo – da organização ao resultado. No ano seguinte, pás de
cal foram despejadas sobre a questão.
Ainda que refutada por Dilma Rousseff no primeiro mandado, a
regulação nunca deixou de ser crucial ao projeto de hegemonia do PT. E o
partido já avisou a presidente que não pretende abrir mão dela. Topa até
engolir alguns ministros-sapo, mas exigirá que o projeto regulatório
avance. Afinal, 2018 está logo ali.
Para amenizar o tom, o PT usa diabruras do dialeto. Controle
virou “regulação econômica” na boca de Dilma e é “democratização dos meios” na
galera que não consegue esconder o desejo expresso de dominar a mídia.
Leia mais o artigo de Mary Zaidan
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