Tais querelas não são dirimidas ao redor de mesas de mogno, mas em locais ermos e inesperados, ideais para emboscadas, execuções e chacinas. Isso exige a posse de considerável arsenal e, como nos negócios tradicionais, um contato amistoso com o fornecedor, seja quem for. O principal mercado das milícias é o Rio. Mas o Rio não fabrica a matéria-prima que lhes dá sustentação: as armas.
Ao contrário, todos os fabricantes ficam longe. As Forjas Taurus, das maiores do mundo em armas leves e pesadas, têm sede em São Leopoldo (RS). A CBC (Companhia Brasileira de Cartuchos), que detém o monopólio da produção de munição militar e para segurança pública, em Ribeirão Pires (SP). E a estatal Imbel (Indústria de Material Bélico do Brasil), abastecedora de armas portáteis, munição e explosivos para o Exército, no DF, com sua unidade de produção de grosso calibre em Juiz de Fora (MG).
O Rio, servido por milicianos vindos de todos os estados, é apenas o escoamento disso e sua infeliz vitrine. Mas só por enquanto. Com a facilidade para desviar armas do Exército, tratar as fronteiras estaduais como peneiras e adquirir toda espécie de material bélico sob os narizes oficiais, as milícias descobriram que há um novo e promissor mercado a explorar.
O Brasil.
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