Nos EUA, em jornais e revistas tradicionalmente dados a complicar as coisas, já se aceita a simplificação de BIPOC e brancos, em que BIPOC é a sigla de “black, indigenous, and people of color“.
Claro que muitos ativistas, negros e brancos, protestam contra a aglutinação: são complicadores, condenados pelos simplificadores.
Para poder complicar as coisas, é preciso perceber os simplificadores: não se pode ser um complicador sem tentar fazer isso.
Para os simplificadores, o que interessa é ir direito ao assunto. O que importa é concentrarmo-nos no que é importante. Até porque a complicação é usada como uma arma contra o ativismo.
A grande diferença nos EUA é, de facto, entre brancos e não brancos. Estar a dizer que há brancos com menos oportunidades do que certos não brancos é um exemplo de uma complicação artificial.
A simplificação leva a uma conclusão e a conclusão leva à acção. Já a complicação atrasa tudo e leva à reflexão. Estou a simplificar, claro.
Mas cada vez que há uma discussão, merecedora de ser chamada discussão, aquilo que se vê não é tanto um debate entre revolucionários e reacionários, como um debate entre maneiras de olhar para as coisas.
Os complicadores também não ajudam. Adoram pormenores, paradoxos e reviravoltas. Cultivam o absurdo e a contradição. E, sobretudo, gostam infinitamente de discutir tudo e mais alguma coisa.
A próxima vez que assistir a uma mesa-redonda com intervenientes muito identificados com posições predeterminadas, faça a experiência de identificar os simplificadores e os complicadores, e verá que a discussão se simplificará muito a partir daí.
Se depois quiser complicar as coisas, isso já é consigo.
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