Nenhuma sociedade , de fato, é tão baixa e desonrosa como a que repele os velhos para as margens da estrada, humilha-os e esquece-os, dizendo-lhes com pobres palavras: Viveram suficientemente, agora fora! Nenhuma sociedade é tão ignóbil como a nossa, quero dizer, onde aos velhos se deixa mais ou menos o lixo e se acha graça e até se conseguiu persuadi-los de que não contam mais nada e tudo o que lhes resta é um algo a mais, bondosamente concedido. E então os vemos pela rua, olhando ao redor, tímidos, pedindo desculpas por ainda estarem aqui.
(...) Oh, se fôssemos mas inteligentes ou astutos, daríamos aos velhos todas s alegrias, as comodidades e os triunfos, mesmo a glória, aos pobres barbudos do subúrbio, músicas, tapetes, tribunas de honra, camareiros. E à noite, nos ajoelharíamos em volta deles, para ouvi-los contar suas clássicas histórias, sempre suas clássicas histórias, sempre as mesmas, é verdade, já a sabemos todas de cor. Digam, porém, não vale a pena reprimir um pequeno bocejo, se isso favorece a felicidade?
Dino Buzzati, “Orquídeas para os velhos”
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