Um general, deputado federal, defendeu em vão a mudança. Na era da programação visual, com tanto bom desenhista, não faltam sugestões. Respeito à tradição, mantêm-se as cores originais. Com a televisão, o verde e o amarelo conseguiram se impor. Já se cogitou de um toque novo. Um tom mais claro ou mais escuro, questão de matiz. Mas que se mude. Ainda agora há quem deseje modificar o hino. Acabar por exemplo com o berço esplêndido. Pega mal, esse emblema da preguiça.
Cá entre nós, a letra é bem ruinzinha. Um país de altos poetas e essa versalhada na boca das crianças! Já as cores, o caso é aqui mais discutível. Como é que diz o latinório? De gustibus et coloribus non est disputandum. Não se discutem porque cada qual tem a sua cor favorita. Salvo o amarelo, que ninguém quer. Basta ver as bandeiras de todo o mundo. Quem escolheu foi o Debret, aquele francês que veio em 1808 com d. João. No setenário do arco-íris, o amigo da onça foi direto ao amarelo. Cor do ouro (epa!). No seu tempo, século XIX, na Europa o amarelo era falta de sorte. Sabe aquela palavrinha? Quatro letras, começa com a e acaba com r. "Unlucky colour", dizem os anglo-saxões. "Cor do desespero", diz o povo. Falta de graça, diz o gosto geral. No trânsito, manda esperar. No Oriente, anuncia o declínio. No universo infantil, é a cor da bruxa.
No setenário do arco-íris, o amigo da onça foi direto ao amarelo. Cor do ouro (epa!). No seu tempo, século XIX, na Europa o amarelo era falta de sorte. Sabe aquela palavrinha? Quatro letras, começa com "a" e acaba com "r". "Unlucky
colour", dizem os anglo-saxões. "Cor do desespero", diz o povo. Falta de graça, diz o gosto geral. No trânsito, manda esperar. No Oriente, anuncia o declínio. No universo infantil, é a cor da bruxa.
colour", dizem os anglo-saxões. "Cor do desespero", diz o povo. Falta de graça, diz o gosto geral. No trânsito, manda esperar. No Oriente, anuncia o declínio. No universo infantil, é a cor da bruxa.
Palavra que não estou inventando. Tem muita coisa mais, que nem ouso escrever. O subnutrido do Nordeste, pálido, é o amarelinho. A pior epidemia por estas bandas qual foi? A febre amarela. Já o verde é esperança, não é? A última que morre. Agora é ecológico. Mas também quer dizer abalo à vista. Há países em que o verde indica o abismo. Ou a força do destino. Essa história de símbolo e cor é fogo. Verde de raiva, sorriso amarelo, o tiro pode sair pela culatra. Mais uma vez.
Otto Lara Resende (Folha SP, 15/08/1992)
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