terça-feira, 3 de março de 2020

Embostelados

Para quem é obrigado a conviver com a língua encardida do Capitão todos os dias, certamente não terá estomago para ouvir as asnices do fracassado Prefeito do Rio de Janeiro. Nem merece.

Se milhões de brasileiros se escandalizam com Bolsonaro atacando mulheres, negros, gays, professores, jornalistas, com o Bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus (leia-se Edir Macedo, seu tio) não é diferente. Além da inépcia administrativa e moralismo barato, Crivella ofende pobres e miseráveis com a mesma desenvoltura do parceiro.

O lado cristão de Marcelo Crivella e Jair Bolsonaro não passa de falsa e anacrônica evangelização de seu "rebanho". O beijo gay em uma das páginas do HQ Vingadores, a Cruzada das Crianças, na Bienal do Livro, ano passado, enlouqueceu o prefeito ultraconservador. Só não confiscou as revistas porque o youtuber Felipe Neto comprou o lote fechado antes dos fiscais de Crivella chegarem à feira.

O negócio do bispo é vexar a população carioca, em todos os domínios. Gestor do caos, instaurou crise sem precedentes na saúde pública, na educação e nas finanças da Prefeitura. Antiquado em pensamentos e atos, o prefeito-bispo condena blocos de carnaval, tenta censurar livros e mostras de artes e impor temas Gospel ao Reveillon de Copacabana. Igualzinho a Bolsonaro. Estão juntos. Vieram do mesmo enxofre. Voltarão para o mesmo inferno.

Passou o Carnaval e o Rio de Janeiro volta a encarar o desqualificado prefeito. E a dura realidade da cidade maravilhosa. Três dias de fortes chuvas, desde sábado, já são 4 mortes. Perdas irreparáveis. Calamidades anunciadas há décadas. Apenas em 2010, 96 pessoas morreram em decorrência de deslizamentos e enchentes. No distante 1960, foram 250 mortos.

Crivella apareceu nessa segunda. Em rede social, acusou a população de "gostar de morar em área de risco". No pior estilo Bolsonaro, disse que moradores da periferia preferem viver ali porque "gastam menos tubo para colocar coco e xixi e ficar livre daquilo".

Cínico. Na entrevista coletiva que ousou dar numa áreas mais atingidas pelas chuvas, foi atacado com lama. A bola de barro forte no seu ombro. Paciência da população tem limite. Sorte de Crivella, não era coco. Nem xixi.

Crivella conhece a realidade sócio-econômica da cidade que governa: 12% da população é muito pobre, 5% vivem em estado de extrema pobre. Nada menos que 83% sobrevivem com menos de dois salários mínimos. Não podem ser seus vizinhos na Barra da Tijuca, ou de Bolsonaro, não é Alcaide?

Tudo indica que Crivella não irá longe. Em dezembro, antes das chuvas de janeiro e março, pesquisa do Datafolha mostrava rejeição de 72% da população ao bispo licenciado. Tem eleição municipal este ano. Por enquanto, Crivella está em último lugar entre prováveis candidatos. Nos resta esperar. Primeiro, outubro de 2020. Depois, o resto.

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