quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Recaídas do Congresso pedem reações à 2013

Depois do surpreendente ímpeto reformista que colocou em pé a reforma da Previdência, a ala bandalha do Congresso voltou a elaborar projetos e emendas como quem joga barro na parede. Se colar, colou. Para os adeptos da tática do barro na parede não existe noção de certo ou errado. Há coisas que são absorvidas e outras que pegam mal.

Quando pega muito mal, como no caso do projeto que aplicou a lógica do 'liberou geral' nas regras eleitorais e partidárias, promove-se um recuo tático. Os senadores deram meia-volta. Os deputados voltaram ao barro para selecionar os pedaços de desfaçatez que achavam possível colar novamente na parede.


Essa movimentação mostra que a história que começou a ser escrita no em junho de 2013 virou um pesadelo do qual o Brasil não consegue acordar. Há seis anos, as ruas roncaram para reivindicar menos roubalheira, mais prosperidade e serviços públicos decentes. O sistema político ofereceu na época uma espécie de Bolsa Teatro. Entrou em cartaz um espetáculo de cinismo. Vieram a Lava Jato, o impeachment de Dilma, o entreato apodrecido de Temer e a eleição de Bolsonaro, um personagem antissistema cuja Presidência se ajusta gradativamente ao seu passado sistêmico.

O esforço para a restauração da imoralidade não se limita ao Legislativo. Há adeptos da volta ao passado no Executivo e também no Judiciário. Se essa movimentação revela alguma coisa é que 2013 tornou-se o ano mais longo da história do Brasil. E ainda vai longe. A diferença em relação ao passado é que o cinismo agora encontra resistência. Há uma reação —externa, via entidades civis e redes sociais; e interna, exercida pelo pedaço do Legislativo que nasceu da fome de limpeza da sociedade. O brasileiro continua de saco cheio de sua própria realidade.

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