O relatório “Máfias do Ipê”, da Human Rights Watch, aponta ligações entre o crime organizado e o desmatamento. Os devastadores contratam grupos armados para proteger seus negócios ilegais. “É bem similar às milícias”, define o defensor público Diego Rodrigues Costa, que acompanhou a investigação de chacinas encomendadas por madeireiros em Mato Grosso.
A HRW afirma que a violência é uma realidade antiga, mas tende a se agravar com a política anti-ambiental em vigor. “O governo Bolsonaro tem agido de forma agressiva para diminuir a capacidade do país de fazer cumprir suas leis ambientais”, acusa.
De acordo com a entidade, o presidente “tem reduzido a fiscalização ambiental, enfraquecido as agências ambientais federais e atacado organizações e indivíduos que trabalham para preservar a floresta”. “Suas palavras e ações na prática têm dado sinal verde às redes criminosas envolvidas na extração ilegal de madeira”, afirma o relatório.
Os pesquisadores citam fatos e dados oficiais para embasar o diagnóstico. Nos primeiros sete meses do ano, o desmatamento avançou 67% em relação ao mesmo período de 2018. O número de multas aplicadas pelo Ibama caiu 38%. Enquanto a floresta arde, o governo “tem sinalizado perigoso apoio aos responsáveis pelo desmatamento”, acusa a HRW.
Na segunda-feira, o Planalto forneceu mais um exemplo dessa cumplicidade. Os ministros Onyx Lorenzoni e Ricardo Salles receberam garimpeiros que invadiram uma floresta pública no Pará. Eles protestavam contra uma operação do Ibama, do ICMBio e da Força Nacional de Segurança que destruiu equipamentos usados em crimes ambientais.
Os garimpeiros pressionaram os ministros a punir os fiscais, que apenas cumpriram a lei. Deixaram o palácio animados, segundo relatos enviados aos colegas.
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