terça-feira, 12 de março de 2019

Por que as chuvas continuam matando tantas pessoas no Brasil?

Ao menos 12 pessoas morreram na região metropolitana de São Paulo com os desdobramentos das chuvas que caíram desde a noite deste domingo (11). Segundo especialista ouvido pela BBC News Brasil, a forma de ocupação da cidade e a ausência de obras de drenagem contribuem para que tragédias como esta sejam frequentes nos inícios de ano.

O urbanista Gilson Lameira é professor da cadeira de infraestrutura urbana da Universidade Federal do ABC (UFABC) - o campus da instituição em Santo André ficou ilhado.

Segundo ele, não é possível afirmar que catástrofes como esta estejam relacionadas com as mudanças climáticas: historicamente, a região metropolitana de São Paulo é um local com grande nível de chuvas. 

"Estatisticamente, estas taxas de chuvas não são novidades. As chuvas nessa região já foram até maiores. Diminuíram nos últimos 15 anos, e agora parecem estar voltando ao patamar anterior", diz ele.


Em um balanço apresentado na manhã desta segunda-feira, a Prefeitura de São Paulo disse que a região recebeu, desde o dia 1º de março, mais de 90% do volume de chuvas esperado para todo o mês de março. Foram 160,8 milímetros de chuva - esperava-se, para março, um volume total de chuvas da de 177,4 milímetros.

Só entre as 19h de domingo e as 7h de segunda-feira, a capital paulistana acumulou 57,8 milímetros, o que corresponde a quase um terço do esperado para todo o mês.

A chuva forte provocou mortes na capital e em outros cinco municípios da região metropolitana. Segundo o Corpo de Bombeiros paulista, seis pessoas foram vítimas de afogamentos e outras cinco morreram em deslizamentos de terra - o 12º óbito ocorreu quando um carro caiu dentro de um córrego em Santo André.

O maior número de mortes foi em Ribeirão Pires, município de 121 mil habitantes que faz divisa com bairros da Zona Leste de São Paulo. Quatro pessoas perderam a vida no local, em deslizamentos de terra.

Em São Caetano do Sul, no ABC Paulista, três pessoas morreram afogadas; e outras três morreram desta forma em Santo André. Embu das Artes, São Bernardo do Campo e São Paulo também registraram uma morte por afogamento cada.

As quatro mortes ocorridas em Ribeirão Pires foram de pessoas que estavam em uma casa no bairro de Estância das Rosas, que desabou. Além das mortes, mais duas pessoas ficaram feridas.

O Corpo dos Bombeiros também recebeu 601 chamadas para atender a ocorrências ao longo da madrugada de segunda-feira.

No pior momento das enchentes, a cidade registrou 52 pontos de alagamento - muitos deles com interrupção do trânsito, o que provocou a maior lentidão do tráfego do ano na cidade até agora.

Além disso, uma fábrica de caminhões da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo foi atingida por alagamentos e interrompeu a produção nesta segunda-feira. Em nota, a empresa disse que está "trabalhando para realizar os procedimentos de limpeza e manutenções necessárias para que a fábrica volte a operar o mais rápido possível".

Nenhum comentário:

Postar um comentário