terça-feira, 12 de março de 2019

Jair Bolsonaro cria no Twitter um Brasil alternativo

No momento, há dois países num mesmo Brasil. Há o país real e o país alternativo, que existe apenas no Twitter de Jair Bolsonaro. No Brasil do Twitter do presidente, o Carnaval é um grande Golden shower e o Caso Coaf não passa de um conjunto de "chantagens, desinformações e vazamentos", dos quais a imprensa se aproveita para fabricar uma guerra contra o Palácio do Planalto.

No Brasil real, há pessoas espantadas com a alternância de extremos no poder. Saiu a turma do "nós contra eles". Entrou a tropa do "eles contra nós". Os dois grupos têm pelo menos dois pontos em comum. Não enxergam culpados no espelho. E vêem a imprensa como grande inimiga da nação. Antes, era a "mídia golpista". Agora, são os os cultores de "fake news".

No Brasil do Twitter de Bolsonaro, um "fake" presidente distorce declarações de uma jovem jornalista para acomodar nos lábios dela as frases que atormentam os seus pesadelos. Nos sonhos ruins de Bolsonaro, a imprensa quer "arruinar a vida" de Flávio Bolsonaro, o filho "Zero Um" e "buscar o impeachment" do inquilino do Planalto. Pilhado nas distorções, esse presidente "fake" das redes sociais não deu o braço a torcer. Ele voltou à carga: "Segue o jogo da farsa e do vitimismo" da imprensa, escreveu Bolsonaro.

No país real, um presidente novo em folha espalha no Planalto um rastro pegajoso em que se misturam nódoas do amigo Queiroz, que ele indicou para assessorar o primogênito, manchas do laranjal plantado na folha do gabinete do filho e até marcas de um repasse esquisito para a conta da primeira-dama. Mas o Bolsonaro do Brasil alternativo do Twitter, quando confrontado com o melado que escorre ao redor no país real avalia que não deve nada a ninguém. Muito menos explicações.

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