Eis o que declarou Damares numa solenidade de lançamento de campanha contra a violência doméstica: "Os meninos vão ter que entender que as meninas são iguais em direitos e oportunidades, mas são diferentes por serem mulheres. E precisam ser amadas e respeitadas como mulheres. Enquanto nossos meninos acharem que menino é igual a menina, como se pregou no passado, algumas ideologias ... já que a menina é igual, ela aguenta apanhar."
O que fazer? Para Damares, a saída está em reforçar estereótipos que as mulheres modernas tentam exorcizar. "Nós vamos ensinar nossos meninos nas escolas a levar flores para as meninas. Por que não? A abrir porta do carro para mulher, por que não? A se reverenciar para uma mulher, por que não? Não vamos estar colocando a mulher em condição de fragilidade. Mas vamos elevar a mulher para o patamar de um ser especial, pleno e extraordinário. E é isso que a gente quer fazer lá na escola."
Quer dizer: depois de suas lições sobre moda ("menino veste azul e menina veste rosa"), Damares aventura-se no campo da ciência comportamental para inventar uma nova corrente de pensamento. Numa solenidade em que o ministro Sergio Moro (Justiça) defendeu a massificação do uso de tecnologias como tornozeleira eletrônica e botão do pânico contra agressores de mulheres, a pastora Damares lançou as bases da sua ideologia do espancamento.
Quando uma ministra que supostamente representa os interesses das mulheres confunde as gentilezas da cultura machista com política pública e avalia que flor é o melhor remédio contra a estupidez masculina, fica mais fácil entender porque a pancadaria doméstica desabrochou no Brasil.
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