Num lugar como no outro, Bolsonaro deixou escapar a oportunidade de falar para o país e o mundo, se é que um dia de fato a desejou. Ele falou exclusivamente para seus devotos como se ainda estivesse em campanha para presidente. O discurso no parlatório foi a maior coleção de clichês e de lugares comuns ditos naquele espaço até hoje.
Reclama-se que a oposição, ou parte dela, não compareceu à posse de Bolsonaro. Mas que aceno convincente ele fez aos que não concordam com suas ideias ou divergem em parte delas? Por mais que muitos se empenhem em tentar normalizá-lo, Bolsonaro prega o “nós contra eles” do PT agora sob um novo o disfarce: eles contra nós.
2018 é mais um ano que não acabou como 1968. Por aqui, ele marca a derrota estrondosa da esquerda que não dá sinais de que será capaz de reconstruir-se. O provável é que continue a mesma, limitando-se a apostar no desastre do governo Bolsonaro para tentar reconquistar o poder daqui a quatro anos, ou – quem sabe? – antes disso.
O ano marca também, e pela primeira vez desde o fim da ditadura de 64, a ascensão ao poder da extrema direita. É saudável, sim, que saia de cena o governo de coalisão tal como ele era se apresentava e que resultou em grossa roubalheira. Mas saudável não será que sua vaga seja preenchida por um governo de colisão tal como esse se anuncia.
Pode ser que o exercício do cargo ensine a Bolsonaro o que ele não aprendeu nos 28 anos que passou no Congresso como um anônimo deputado. Seu plano original era candidatar-se a presidente para ajudar a eleição dos seus filhos, se aposentando em seguida. A facada em Juiz de Fora deu novo rumo à sua vida e à do país.
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