sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Solução simplista

O futuro ministro da Cidadania, Osmar Terra, manifestou a intenção de limitar o funcionamento de bares e restaurantes para a venda de bebidas alcoólicas. Segundo ele, a medida contribuiria para a redução dos homicídios e acidentes de trânsito no país.

Trata-se de uma proposta controvertida, sem comprovação em casos reais, com a exceção de alguns exemplos isolados. Ele cita o caso da cidade de Diadema, em São Paulo, que reduziu a taxa de homicídios após obrigar os bares a fecharem às 23h.

O Brasil é campeão em assassinatos e acidentes de trânsito, em parte devido ao abuso de bebidas alcoólicas. No entanto, há outros fatores motivadores, tanto que em países que não proíbem o álcool essas tragédias não acontecem nas mesmas dimensões.


Se adotada, mesmo que limitada a regiões mais violentas, a proposta impactaria a economia, o emprego e até o ambiente social. O setor de bares e restaurantes movimenta perto de 1 milhão de estabelecimentos, empregando 6 milhões de trabalhadores.

Além disso, bares e restaurantes são lugares onde os cidadãos exercem a sociabilidade, que não seria a mesma se não tivesse esse combustível criado pela cultura. Na escuridão das cidades, bares e restaurantes são sinais de vida depois de certas horas.

A proibição não é solução. Se for proibido de beber em lugares abertos, o cidadão vai beber em casa e em lugares fechados. Durante os anos da Lei Seca, nos EUA, a violência e o crime explodiram, antecipando o que ocorre hoje com as drogas no mundo.

A paz social tem a ver com a educação. Os hábitos sociais têm relação com a cultura. Ambos indicam o grau de civilidade de uma sociedade. No entanto, os governantes ainda acreditam que podem resolver os problemas com medidas de força.

Já deveríamos ter aprendido que soluções simplistas não resolvem problemas complexos.

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