Símbolo de status provinciano, o carro com motorista é o signo mais evidente da desigualdade e dos privilégios com dinheiro público e deveria ser extinto, não só pela economia em carros trocados a cada três anos, em motoristas com emprego vitalício, em gasolina e manutenção à vontade, que não é pouca coisa em escala nacional, mas como símbolo de um privilégio injustificável e indignante.
Seguindo o exemplo de cima, vem o efeito cascata. Qualquer Câmara Municipal furreca ou dos estados mais pobres tem carros, qualquer estatal ou órgão federal, qualquer juizado tem, e, com o tempo, só aumentam os carros e a despesa pública.
Por que eles não podem ir trabalhar em seus carros, de metrô, de táxi ou de ônibus como cada um de nós, que pagamos os impostos que os sustenta?
Eles devem estar rindo ao ler isso, como se fosse impossível acabar com uma tradição nacional, como o carnaval ou o são-joão, porque é um privilégio abusivo que depende justamente dos que o usufruem. Um deputado ou um juiz votando pelo fim dos carros oficiais, só em programas de humor.
Mas não se vive sem utopias. Se outros países conseguiram, por que não nós? Quem sabe com uma pressão eles vão, como quando tiveram que votar a Lei da Ficha limpa, que foi devastadora para a corporação.
Não é pelo carro, ou só por ele, mas pelo símbolo de um desperdício injustificável e de um privilégio intolerável em um país com tantos pobres a pé.
Um carro de placa oficial queimando, como o Museu Nacional, seria a metáfora de uma revolução de costumes no Brasil e teria o público aplaudindo em volta.
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