A catástrofe que se abateu sobre o Museu Nacional, que em duas horas, ou pouco mais, provocou a destruição de pelo menos 90% de seu precioso acervo, faz parte da interminável tragédia brasileira, que acaba de divulgar um de seus mais dolorosos capítulos. Entre choro, luto, ranger de dentes e revolta contra o país, e diante das tristes cinzas e do incalculável e, certamente, irrecuperável prejuízo, os brasileiros, de norte a sul, procuram duas respostas: de quem é a culpa dessa monstruosidade? Que importância damos, afinal, a nossa história?
As perguntas que faço aqui, leitor, talvez não tenham respostas, ou as tenham em enorme quantidade, o que é a mesma coisa. Passemos, então, ao que mais interessa a nosso país: as eleições de outubro próximo. Só elas terão a virtude de prevenir outros incêndios.
Antes, porém, um registro: nosso regime democrático, depois de grande interregno, provocado pela ditadura imposta ao país a partir de 1964, foi de novo proclamado pela Constituição de 1988, que completará 30 anos no próximo dia 5. De lá para cá, o regime tem passado por equívocos, tropeços e trombadas, além do constante combate que lhe dirigem os radicais, cujo objetivo é um só: destruí-lo. Cabe aos democratas resistir às investidas, aperfeiçoá-lo e fortalecê-lo. Esse fortalecimento só se dará por meio do voto livre e direto, sua maior ferramenta de defesa. A democracia é o único regime capaz de cuidar do ser humano. Ela é indispensável à boa convivência entre os brasileiros.
As eleições deste ano nos oferecem uma oportunidade de ouro, que não pode ser perdida. Devemos voltar nossa atenção para o seguinte: os candidatos a presidente chamam mais atenção nas mídias em geral, incluídas as redes sociais, embora não devesse ser assim. O eleitor precisa estar preparado, também, para escolher os candidatos que disputam as eleições proporcionais. A eleição de um presidente é muito importante, mas nenhum eleito – se for um democrata – governará sem o Congresso Nacional, ou seja, sem deputados e senadores. No Congresso, em Brasília, é que serão votadas as leis. São elas que definirão as reformas de que o país necessita com urgência. Sem esse apoio, sem maioria no Congresso, leitor, nada feito, nenhum presidente terá sucesso na direção do país. Ele sucumbirá mais cedo do que pensa.
Por outro lado, não devemos aceitar a polarização que está sendo quase imposta pelos fanáticos de plantão. Ela não deverá ser levada em conta no instante em que formos depositar o voto na urna eleitoral. A polarização conduz à disseminação da cultura do ódio. Por esse motivo, não devemos pensar em anular o voto, votar em branco ou em deixar de votar. Analisemos, agora que a campanha já está no ar, os que pedem nossos votos para governos estaduais e Assembleias legislativas. Eles ajudarão na busca de um rumo certo para o país. Sempre haverá alguém, novo ou já experiente, que merecerá nosso voto.
Nosso país vive um instante crucial de sua história. Como já disse em outra ocasião, depois de algumas conquistas importantes, provenientes do real e de algumas medidas tomadas pelo primeiro governo do ex-presidente Lula, o país retroagiu de maneira realmente desastrosa. As eleições que se aproximam estão sendo comparadas com as de 1989. Pode haver alguma semelhança, mas a situação atual é muito mais grave, e o risco que corremos é muito maior.
Não precisamos, leitor, de nenhum salvador da pátria.
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