Para criar este mapa, utilizamos os dados de uma versão do teste que apresenta rostos brancos ou negros e palavras positivas ou negativas. Cada país foi colorido segundo a pontuação média de seus participantes. Os países em tons vermelhos mostram um viés médio mais alto, e os países em tons azuis mostram um viés médio mais baixo, conforme indica a escala na parte superior.
Assim como um mapa semelhante elaborado para os Estados dos EUA, este estudo mostra a variação no alcance do viés racial, mas em todos os países europeus se observa este fenômeno quando se comparam pessoas negras com as brancas.
Retrato de uma bailarina do povo turkana |
Nenhum país obteve uma pontuação média inferior a zero, o que refletiria associações positivas. Aliás, nenhum obteve uma pontuação média nem sequer próxima de zero, o que revelaria que não existem associações raciais nem positivas nem negativas.
Dispomos das pontuações de 144.038 pessoas europeias brancas colhidas entre 2002 e 2015. O tamanho da amostra de cada país é indicado no lado esquerdo.
Devido ao modelo do teste, é muito difícil controlar de forma deliberada a pontuação. Muitas pessoas, inclusive as que têm firmes convicções não racistas e inclusive antirracistas, demonstram um viés implícito no teste. O significado exato desse resultado é controvertido, mas acreditamos que reflete as associações automáticas que permanecem em nossa mente, associações que se desenvolvem ao longo dos anos.
Embora seja possível que, como indivíduos, não tenhamos convicções racistas, os conceitos que associamos à raça podem estar construídos por uma cultura que descreve sistematicamente as pessoas de diferentes etnias de forma mais ou menos negativa. Portanto, o TAI, que não é senão uma forma de medir a psicologia individual, também pode ser útil se as pontuações dos indivíduos são somadas para proporcionar uma imagem do mundo onde vivemos.
O resultado final oferece detalhes do que já intuíamos: que na Europa as atitudes perante a raça não são neutras. As pessoas brancas fazem associações negativas com a raça negra, e há alguns padrões interessantes na forma como a intensidade dessas imagens varia por todo o continente.
Em geral, no norte e oeste da Europa as associações contra os negros são menos intensas. À medida que se avança para o sul e o leste, essas associações negativas tendem a aumentar, mas não em todas as partes. Os Bálcãs parecem ser uma exceção em comparação com os países vizinhos. Isto se deve a como as pessoas dos Bálcãs conheceram o Project Implicit, ou porque seus preconceitos não se orientam para um eixo branco-negro? Por enquanto, só podemos especular.
Perguntas abertas
Ao interpretar o mapa, é preciso levar em conta pelo menos duas condições.
A primeira é que as pontuações só refletem as atitudes raciais numa dimensão: emparelhar branco/negro com bom/ruim. Nossas sensações sobre os grupos étnicos têm muitas outras dimensões que não se plasmam nesta medida.
A segunda é que os dados provêm de pessoas europeias que visitam o site do Project Implicit dos EUA, que está em inglês. Portanto, a amostra reflete um subconjunto da população europeia mais familiarizado com a Internet do que o habitual. Provavelmente sejam mais jovens e mais cosmopolitas. É possível que esses fatores minimizem o alcance do racismo implícito em cada país, por isso é provável que os verdadeiros níveis de racismo implícito sejam mais altos que os mostrados nesta análise.
Este mapa foi possível porque o Project Implicit publica seus dados através do Open Science Framework. Esse site permite que os cientistas compartilhem a matéria-prima e os dados não processados de seus experimentos, de modo que qualquer um possa revisar seu trabalho ou voltar a analisar os dados, como fizemos aqui. Acredito que as ferramentas abertas e métodos de publicação como estes sejam necessários para que a ciência se torne melhor e mais confiável.
Tom Stafford
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