Pois aquelas pessoas deram boas risadas quando ouviram o palestrante contar sua visita a um quilombo. “O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas”, ele disse, provocando inacreditáveis gargalhadas. “Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador servem mais”. Outras tantas risadas. Depois, gritos de “mito, mito”. Ouça a gravação na internet e veja se descobre o motivo de alguém achar graça em tamanho desprezo pelo gênero humano — apenas por serem negros.
Houve protestos contra a presença na Hebraica de quem “tem ideias como as que causaram o Holocausto”. Do lado de fora, um grupo que não pôde entrar (era só para convidados) gritou palavras de ordem e exibiu cartazes como “sionista não apoia fascista”.
Mas, por outro lado, houve também um abaixo-assinado da Associação Sionista Brasil-Israel, com mais de sete mil signatários, em defesa de quem, segundo o documento, “tem se mostrado o maior amigo do Estado de Israel”.
Só que esse manifesto foi considerado “apócrifo” pela Fierj. Em nota, ela reafirma sua condição de “única entidade” que representa os judeus no Rio. “A Fierj ratifica o desconhecimento da existência da autointitulada Associação Sionista Brasil-Israel e repudia qualquer manifestação em nome de seus representados em relação ao tema ali tratado”.
No STF ainda não há previsão para o julgamento da denúncia na Primeira Turma. Mas qualquer que seja o resultado, Bolsonaro conseguiu um nada invejável feito: dividir a comunidade judaica.
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