Oh (edição – TT, não põe exclamação depois do meu oh nem vírgula – meu oh é assim mesmo, no seco e sem entonação). Refaço. Oh que falso e inútil poder esse de te levar comigo nessa viagem minha das quintas-feiras, tão rapidinha, engolida com café preto. Corremos vendados no tiroteio. Uma colega com baixa visão contou-me que já perdeu duas bengalas no centro histórico da minha Poa. Foi atropelada por pedestres que nem pararam pra ajudar ou alcançar-lhe as bengalas. Sério, gente, tenho às vezes vontade de descer com o mundo andando mesmo, não precisa nem parar.
Na Síria, genocídio que não gera notícia. No Rio, intervenção militar nas favelas. Como se a cúpula do crime organizado não estivesse nos gabinetes de Brasília. Aqui pelos pagos (pasmem), estão a desmanchar escolas e bibliotecas pra venderem seus terrenos aos amigos. O Júnior quer acabar com o Adote um Escritor, projeto de incentivo à leitura que é sucesso há vinte anos. Daí pra incendiarem livros é só dizer quero ler. Na boa, alguém me traz um Fontol?
Enquanto isso, no Maranhão, o governador comuna, descarado, pagando quase seis pau aos professores. Deusulivre (assim mesmo, TT, uma palavra só). Deusulivre. Criminoso. Tá osso, gente, até pra motoristas de aplicativos, meu amigo disse que tá dormindo dentro do carro. Garante que tem gente em situação bem pior: “outro colega, foi pra baixo do viaduto”. E o Hulk, vai pro pleito? E o Lula, vai em cana? O Neymar, vai à Copa? Você, vai às urnas? Pois devia. Antes que elas sejam suspensas por tempo indeterminado.
Senhores, vocês senhores, que já mostraram suas caras de pau nas votações da CCJ, já viram a cara das ruas? Estamos com fome, senhores, sem moradia, trabalho não temos, as contas, senhores, estão vencidas, saiam às ruas. Eu queria dizer que é mentira. Eu queria dizer que inventei isso tudo só pra terminar essa crônica. Queria dizer bons futuros. Dizer uma prece. Dormir um semestre, eu queria. Mas escuta, não tá dando.
Aliás, queria mas não posso, entrei na UERGS pra estudar letras, licenciatura. Talvez eu aprenda. Daí, te levo comigo outras vezes nessas minhas viagens, em outros dias, com mais polidez, quem sabe. Lembrei do Lenine: “tendo tudo contra e nada me transtorna/ dentro do meu peito/ um desejo martelo/ uma vontade bigorna”.
E a gente querendo ser feliz, aff… Tu tens paciência? A minha tá acabando.
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