O cidadão é humilhado porque assim permite. Ele vai a uma delegacia de polícia fazer uma ocorrência e é, quase sempre, tratado como um bandido da pior estirpe, como se estivesse pedindo um favor. Você vai a uma repartição pública e muitas vezes recebe um tratamento desprezível, nojento, disfuncional, uma afronta.
Ninguém mais pode ser cobrado por uma mínima eficiência no trabalho para o qual recebe dinheiro público para, assim, produzir soluções. Somos tolerantes, concordamos com a descarada desatenção de quem tem obrigação (não é favor) constitucional de servir. Por isso se denominam “servidores públicos”.
Essas posturas estão se agravando a cada dia em todo o país, em todos os espaços onde está o poder público.
Questiona-se com provas, as mais concretas, de sua postura fraudulenta o Executivo, em todos os níveis, em quase todos os Estados e municípios. Encontram-se malas com milhões de reais e dólares, patrimônios inexplicáveis, contas no exterior, impressões digitais nas notas e nas malas do crime, mas não se tem a prova: ninguém viu o acusado tirar do porta-malas do carro aquelas malas e colocá-las dentro de um apartamento que não tem sequer uma cadeira pra sentar. Elas devem ter entrado pela janela. Para lá voaram de alguma pizzaria do bairro.
Vendedores de “quentinhas” para penitenciárias e escolas públicas viram senadores; outros recebem empréstimos sem demonstrar contratos, ou simples promissórias, ou cheques pré-datados, ou até mesmo carnês (como os do Baú), e não podem ser presos ou afastados de seus mandatos porque há sempre um ministro do STF que lê em divergência a Constituição Federal, ou não vê crime nas conversas gravadas entre um empresário que confessa publicamente ser um criminoso e o incauto tomador da merreca de R$ 2 milhões sem qualquer documento assinado. Meu Deus! Nossa desmedida tolerância, a baixa autoestima moral de nossa sociedade, a corrupção geral e horizontal e o favorecimento descarado de grupos que cada vez mais se ampliam geram a criminalidade sem volta, a degradação moral de um povo, o analfabetismo, a violência, o império da droga, a falta de saúde e, por consequência, a miséria social. É daí que equivocadamente se recomenda: “Aceitem, porque dói menos”. Pelo menos até estourar o barril de pólvora no qual estamos sentados.
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