O derretimento de Michel Temer começa a confirmar a máxima de que não existe espaço vazio na política. À medida que o presidente encolhe, abatido por novas prisões e delações, crescem a apostas no deputado Rodrigo Maia para ocupar o seu lugar. A articulação saiu da sombra nesta quinta-feira, quando o senador Tasso Jereissati declarou que Maia pode garantir “estabilidade para o país”. Outro tucano, o senador Cássio Cunha Lima, disse a investidores que o governo “já caiu” e que o Brasil terá um novo presidente “em 15 dias”.
Os holofotes se voltaram para o presidente da Câmara, que é o primeiro na linha sucessória da República. Ele pode retardar ou acelerar a derrocada de Temer, do qual será beneficiário direto e imediato.
O deputado tem a confortável opção de jogar parado. Se a Câmara aceitar a denúncia, a Presidência cairá em seu colo por 180 dias, sem eleição direta ou indireta. Isso o libera de fazer campanha aberta pelo cargo. No entanto, só haverá 342 votos para afastar o presidente se Maia usar sua influência sobre o plenário. Ele terá que se tornar o Temer de Temer, reeditando a conspiração liderada pelo peemedebista para tomar a cadeira de Dilma Rousseff.
O deputado se movimenta com discrição. Ele tem recebido agentes de bancos e corretoras para repetir que seguirá a cartilha do mercado. Na sexta-feira, tuitou uma espécie de programa resumido de governo, no qual se comprometeu com a agenda das reformas. Foi uma versão em 140 caracteres da “Ponte para o Futuro”, a plataforma liberal usada pelo ex-vice para atrair apoio do empresariado.
Enquanto Temer cometia novas gafes na Alemanha, Maia passou os últimos dias na Argentina, onde só se falou na sucessão no Brasil. Sua comitiva incluiu o líder do centrão e metade do “G8”, um grupo de deputados veteranos que conhecem todos os atalhos da Câmara. Em 2016, o grupo atuou em conjunto para assegurar a aprovação do impeachment.
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