Prosseguindo em meus estudos, deparei-me com uma outra tabela, igualmente relativa ao ano de 2016, classificando os países conforme a taxa de juros descontada a inflação. Lá no topo, em primeiro lugar no planeta, estava o Brasil, com 5,85%. Só para fins de comparação, a tumultuada Grécia aparecia em 9º lugar, com 0,91%.
Vamos a mais alguns exemplos: Chile em 10º lugar, com 0,78%, a África do Sul em 15º, com 0,38%, a Austrália em 17º, com 0,20%, a Turquia em 22º, com -0,49%, a Itália em 23º, com -0,5%, Portugal em 25º, com -0,60%, EUA em 29º lugar, com -0,93% e Espanha em 35º, com -1,48%.
Seria este quadro temporário ou excepcional? Encontrei um estudo do FMI, relativo a 43 países, abrangendo o período entre 2006 e 2014. Em todo ele, o Brasil sempre ocupou a liderança mundial no quesito "pagamento de juros". Em 2006, por exemplo, quando era o 9º mais endividado, nosso país disparou no pagamento de juros, tendo destinado 8,2% do PIB para tal - quase o dobro da segunda colocada, a Itália, que lá compareceu com 4,6%.
Quais as consequências disso? Com a palavra o sério jornal "Le Monde Diplomatique": "Sacrifícios sociais e econômicos para servir ao pagamento de juros e encargos da dívida pública têm sido uma regra no Brasil há décadas. Investigações sobre a natureza dessa dívida revelam que os elevados juros constituem, historicamente, o principal fator responsável por seu crescimento. O mais grave é que tais juros são aplicados sobre dívidas geradas por meio de diversos mecanismos meramente financeiros, sem contrapartida alguma ao país. A isso denominamos sistema da dívida".
Que sistema esquisito! Quem será que ganha com ele? E por que nosso povo fala tão pouco dele? Eis aí, afinal, salvo engano, um dos mais sérios problemas nacionais.
Pedro Valls Feu Rosa
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