Os moradores de aglomerados vivem o desconforto do frio, na precária habitação, no banheiro externo e nas poucas cobertas para várias pessoas. A marmita é preparada numa varanda, onde o vento assobia, enquanto passa por caminhos incertos entre outros barracos. Sofrem ainda pela certeza de comida insossa, pelo medicamento inacessível e pelo risco de demissão a qualquer momento numa economia trôpega.
Dezenas de milhões de brasileiros estão nessa rotina e querem sobreviver, porque precisam criar os filhos, cuidar dos pais idosos e usufruir plenamente seu direito à vida. Sentem, entretanto, que seus ideais serão cada vez mais apenas sonhos impossíveis.
Enquanto isso, a corrupção corre solta em todos os segmentos do Estado, inviabilizando um sistema produtivo sólido para absorver todos os brasileiros ao trabalho e propiciar os recursos adequados para apoiar as crianças, os idosos e os enfermos. Sabíamos que muito dinheiro era desviado dos cofres públicos para enriquecer burocratas e autoridades, gerir currais eleitorais, financiar campanhas de partidos e aliciar empresários. Não imaginávamos, entretanto, que as cifras atingissem valores bilionários, que foram divulgados a partir das investigações da operação Lava Jato. Houve o impeachment de Dilma Rousseff e a prisão de corruptos e corruptores. A posse de Michel Temer trouxe um raio de esperança de que algo iria melhorar, mas os escândalos apareceram logo depois, demonstrando que a roubalheira foi mantida com a mesma desfaçatez. É lamentável que os autores de todos esses crimes não tenham sensibilidade para observar milhões de cidadãos tiritando de frio, sonhando com um prato de comida quente e tentando acalentar seus bebês.
Estamos saturados de discursos demagógicos e mentiras sem fim quanto a seus feitos pelo país.
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