A comunidade energética de Kaddat é a prova de que a economia colaborativa alcançou o setor de energia elétrica, mas também que a digitalização e descentralização da energia são fenômenos imparáveis, ao menos na Alemanha. Converter os consumidores em produtores e provedores de energia e conectá-los para que compartilhem a energia é algo como o Uber do setor elétrico, segundo a Sonnen, empresa que deu à luz a invenção que começa a se repetir em países como Austrália e Itália.
“Estamos em plena revolução. Nesse país temos mais de um milhão e meio de produtores privados de energia solar. Não param de surgir iniciativas de energia cidadã, enquanto as plataformas digitais para trocar quilowatts abrem possibilidades que eram impensáveis até muito pouco tempo”, afirma Jens Weinmann, especialista em setor energético da escola de negócios ESMT de Berlim e autor de The Descentralizes Energy Revolution in Germany (A revolução descentralizada da energia). Weinmann fala sobre como cada vez mais alemães se sentem orgulhosos de produzirem sua própria eletricidade e sobre como proliferam as cooperativas energéticas.
Cerca de 6.000 pessoas espalhadas por toda a Alemanha fazem parte da comunidade a que Kaddat pertence e que lhe permite desfrutar de eletricidade grátis durante o ano todo. Antes, no entanto, devem fazer um investimento inicial: 3.600 euros (13.400 reais) por bateria, além dos painéis solares. Em troca, Kaddat, por exemplo, economiza cerca de 1.500 euros por ano na conta de luz. O jovem eletricista pega o celular e abre um aplicativo com o qual controla o consumo de sua casa. Nele pode ver quanto usa de seus próprios painéis e quanto da comunidade, quanto está gastando e qual é a previsão do tempo para os próximos sete dias, e, portanto, quando irá produzir. Ele tem o controle sobre o que produz e o que consome.
A Sonnen é uma jovem empresa alemã líder mundial em baterias capazes de armazenar energia renovável. Começou a fabricá-las em 2010, cinco anos antes de a Tesla apresentar seu próprio modelo. Eram peças enormes, que sete anos mais tarde se tornaram caixinhas brancas um pouco maiores que computadores de mesa. Desde o primeiro momento, as baterias se conectaram à Internet, o que permitiu à empresa ter informação dos hábitos de consumo dos clientes em tempo real. Assim perceberam que não de forma individual, mas agregadas, as famílias produziam mais do que consumiam. Em 2015, começaram a conectar uns lares com os outros para que pudessem compartilhar sua energia. No ano passado decidiram dar mais um passo. Compreenderam que graças ao armazenamento de energia tinham capacidade de contribuir para estabilizar a rede das grandes empresas, que em troca pagam por seu serviço. Essas receitas permitem oferecer a tarifa de zero euros.
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