Ficou para agosto a votação da denúncia contra Michel Temer no plenário da Câmara. O governo entrou numa temporada de vale-tudo. O presidente apertou o botão de dane-se. Para se livrar de uma ação penal por corrupção, Temer negocia a entrega de mais cofres públicos aos partidos que o socorrem. Privilegia legendas como o PP, campeão no ranking de encrencados do petrolão. Ou o PR, feudo cartorial do mensaleiro Valdemar Costa Neto.
Temer exige que sua tropa seja leal. Se a política brasileira fizesse sentido, lealdade deveria pertencer ao mesmo grupo de palavras que inclui honradez e ética, não ao grupo de submissão e cumplicidade. Político confiável seria leal à sua consciência e correto com os seus eleitores. Mas no dicionário do governo honra e ética são outros nomes para deslealdade.
A Lava Jato às vezes parece um marco redentor. Passa a impressão de que o Brasil, maduro para punir a corrupção, jamais será o mesmo. No entanto, Temer sinaliza aos aliados que, para se salvar de uma investigação, está disposto a honrar as alianças espúrias que dão ao Brasil essa aparência de país das negociatas e dos trambiques. Aos poucos, o pedaço de Brasília onde pulsa o coração administrativo do governo vai ganhando a aparência de uma Bagdá entregue a Ali-Babá.
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