Se os processos judiciais são demoradíssimos neste país, muito pior seria que de súbito se acelerassem apenas para dar respostas a demandas e expectativas eleitorais.
Vejamos o caso de Lula. Concordo que seja o líder de um projeto de poder criminoso-autoritário sem precedentes, trabalho diariamente para que a gravidade do assalto petista ao Estado brasileiro não caia na vala comum dos demais crimes revelados pela Lava-Jato, e creio que o ex-presidente será condenado em primeira instância ainda este ano; mas avalio — escrevi e reescrevo — que, apesar disso tudo, ele será candidato, e competitivo, em 2018. Não é torcida, por óbvio. É análise e projeção.
Apertado, né?
Por favor, leitor: pense no relógio biológico brasileiro, no andamento habitual dos processos, nas múltiplas capacidades de recurso e procrastinação, e me responda se — com um ano e meio até lá — não é improvável que o ex-presidente esteja impedido de concorrer.
Fazer o quê?
O tempo da Justiça não pode correr excepcionalmente para punir alguém — mesmo que Lula. Enquanto isso, enquanto vibramos com o que supomos ser sua decomposição pública e o condenamos extrajudicialmente, ele vai se investindo de vítima e fundamentando a própria mitologia de herói.
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