De lá para cá uma revolução de usos e costumes, uma selvageria, emoldurada por violência, estupros, coma alcoólico, drogas sintéticas, um tsunami sonoro em forma de trio elétrico, rios de urina, festival de pancadaria, sexo explícito, gangues e arrastão. E, no show de intervalo, foliões bêbados e felizes, beijando mil bocas anônimas, Deus sabe contaminadas com o quê.
Jean Georges Vibert |
Mais respeito. Entendo o tal do “há gosto pra tudo”, tanto que cedo meu sagrado lar pro tal do “prezinho” dos meus rebentos. E tento achar divertido a máscara do Trump com a fantasia de mexicana da nora. Belo casal. E quem diria que BH ressuscitaria como um polo de bloquinhos e animação do Momo.
Mas, por favor, me respeitem. Abasteci minha geladeira de coisas leves, frutas – sempre fui ruim de beber. Mesmo muito animado, adoro um bom filme, estou escrevendo meu romance mais novo, lendo muito, estudando mais ainda – como é bom estudar sem ser obrigado, pela curiosidade e pelo desejo de ampliar horizontes, estudar de tudo, adoro cultura em geral. Sim, sou muito, muito esquisito. Adorar o Carnaval para reclusão, estudo, assistir a filmes, escrever e ouvir músicas.
Lá fora, o batidão, nos noticiários, a repetição exaustiva de cenas de Rio, Recife, Salvador e aquela alegria patrocinada pelas cervejarias. No ar, a energia da festa pagã: tudo pode, não há culpa e nem limite. Afinal, é Carnaval, tempo da carne, ausência de espírito, do sacro, do divino. Nada de culpa, de punição. Viva o povo.
Mas respeitem os que não entram no ritmo. São filhos do silêncio, amantes da solidão, amigos da reclusão. Passistas da natureza. E curtem Carnaval, Beija-flor, Águia, Gaviões...
Nenhum comentário:
Postar um comentário