Elaborado por uma agência intergovernamental da Commonwealth – associação de Estados soberanos que reúne, ainda que não exclusivamente, países e territórios do antigo Império Britânico –, o Índice de Desenvolvimento da Juventude é composto por 18 indicadores, agrupados em 5 grandes áreas – educação, saúde e bem-estar, emprego e oportunidades, participação política e participação cívica.
O estudo reconhece a dificuldade de um único ranking expressar uma realidade tão complexa como é o desenvolvimento humano dos jovens. Por exemplo, o próprio conceito de juventude varia de país para país. No estudo, considerou-se como jovens os indivíduos entre 15 e 29 anos.
A imensa maioria da população jovem (87%) encontra-se em países em desenvolvimento, fato que traz não poucas dificuldades para o planejamento de políticas públicas adequadas a essa faixa etária. Nesses países, por exemplo, os jovens estão mais expostos à violência. Estimativas apontam que mais de 50% das vítimas de homicídio no mundo têm menos de 30 anos de idade e a grande maioria vive em países de baixa e média renda. O estudo cita que, em 2011, cerca de 14 milhões de jovens foram afetados por conflitos e desastres.
No ranking geral de países, a Alemanha ocupa o primeiro lugar, seguida de Dinamarca, Austrália, Suíça e Reino Unido. Nas últimas posições da tabela estão República Centro-Africana, Chade, Costa do Marfim e Níger. Estando atrás do Chile (24.º), Colômbia (36.º) e Uruguai (59.º), o Brasil (84.º) tem nota muito próxima à do Paraguai.
Ao comentar os resultados relativos à educação, o relatório menciona a existência de um grande número de jovens sem habilidades básicas de alfabetização, além de persistirem, em algumas regiões, fortes restrições de acesso à educação para determinados grupos sociais, como, por exemplo, meninas, jovens de áreas rurais e portadores de deficiência. No quesito educação, o Brasil ficou na 50.ª posição.
Embora reconheça que a participação política dos jovens promove importantes bens sociais – por exemplo, integração social e fortalecimento de vínculos entre as gerações –, o estudo indica um declínio da participação da juventude nos processos políticos formais e nas instituições, com exceção de alguns poucos países com democracias ainda muito incipientes. Nestes países, os jovens tendem a ser mais confiantes na capacidade de o voto promover mudanças sociais efetivas. O estudo, porém, observa que o declínio do interesse dos jovens pela política formal não indica necessariamente menor interesse pela política em geral, havendo registro, nos últimos anos, de um engajamento recorde em assuntos políticos entre a juventude, com a ocorrência, em várias regiões do mundo, de protestos liderados por jovens. Nesse tópico, o País obteve a 100.ª posição.
Nota especialmente ruim teve o Brasil em relação à participação cívica dos jovens, ficando na 157.ª colocação. Indica com acerto a diferença entre participação cívica e mero agito nas ruas. São coisas diversas, e faz parte do desenvolvimento da juventude perceber a distinção.
Editorial - O Estadão
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