terça-feira, 4 de outubro de 2016

Sic transit gloria PT

A expressão “sic transit gloria mundi”, atribuída ao monge agostiniano Tomás de Kempis (1418), cai como uma luva para a atual situação do PT. A se confirmarem as pesquisas de intenção de voto, o Partido dos Trabalhadores será varrido do mapa de todas as capitais brasileiras, exceção de Rio Branco, no Acre.

Segundo o Google, a frase era utilizada no ritual das cerimônias de coroação papal até 1963, quando o mestre de cerimônias, de joelhos diante do papa, dizia três vezes e em voz alta: “Pater Sancte, sic transit gloria mundi”. Estas palavras dirigidas ao papa, serviam como lembrete da natureza transitória das honras terrenas

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O PT, que imaginava que ouviria do povo brasileiro na sua “inexorável” vitória em 2018 “Pater Sancte Lula, sic transit gloria mundi”, não acreditou nesta sábia expressão. Pensou que, uma vez tendo atingido o poder, jamais seria dele apeado. E que seu líder seria entronizado e mandaria para sempre.

Não é o que está acontecendo.

Presidanta impedida, muitos dos seus amigos e correligionários presos ou acusados de corrupção, a principal figura do partido, Luis Inácio Lula da Silva, o mesmo do tríplex no Guarujá e do sítio de Atibaia e que já é réu de dois processos, viu desmoronar o seu castelo de cartas. Haja vista o que aconteceu em Campinas, quando menos de 1.000 pessoas comparecerem ao seu ato de apoio ao candidato Marcio Poshmann, que muito provavelmente perderá para Jonas Donizete.

Marcio Poshmann é uma exceção, já que os candidatos do PT noutras capitais fogem de seus símbolos máximos como o diabo foge da cruz, tentando tapar o sol com a peneira e cuspindo no prato que comeram.

A ex-presidente Dilma foi ao Rio apoiar sua amiga Jandira Feghali e o que aconteceu? A candidata do PCdoB viu seus índices de preferência afundarem ainda mais. Jandira, que faz parte da tropa de choque da Dilma no Senado junto com Gleisi Hoffmann, que também é ré, e Lindbergh Farias, ainda por cima é mal educada. Em pleno debate proporcionado de graça pela TV Globo, acusou a emissora de ter “apoiado o golpe contra a democracia e contra uma mulher eleita”. Uma grosseria sem tamanho, própria de uma pessoa radical que tendo perdido a sua causa perde também a compostura. Vai afundar ainda mais.

Em São Paulo não se viu o Lula participando de comícios em favor do seu poste Fernando Haddad, que está em vias de perder o importante reduto petista para o PSDB e correndo o risco de não ir nem mesmo para o segundo turno. Corre risco idêntico o candidato Celso Russomano, já que um vídeo no qual ele aparece dando apoio incondicional a Dilma em 2014 está bombando na internet.

Em Belo Horizonte, forte reduto petista, o candidato do PT tinha até quinta feira míseros 4% de intenção de voto.

Na minha terra, Porto Alegre, Raul Pont amarga um distante segundo lugar para Sebastião Melo (PMDB), e mesmo assim embolado com o brilhante deputado Nelson Marchezan Júnior (PSDB).

E assim vai pelo Brasil afora.

Talvez o melhor subproduto das eleições municipais de hoje seja o fim do PT. Os ideólogos do partido que diziam que o futuro da agremiação estaria intrinsecamente ligado ao sucesso do segundo mandato de Dilma tinham razão. O fracasso subiu-lhes à cabeça.

O próprio Lula disse recentemente que “não tem 2018 se a gente não tiver 2016”. Tomara que ele esteja certo,

Tarso Genro, um dos mais prestigiado quadros petista, que perdeu a reeleição para o governo do Rio Grande do Sul em 2014, vaticinou que o PT só sobreviveria se se reinventasse. Esta reinvenção poderia até mesmo contemplar a mudança de nome do partido, deletando a sigla de duas letras do cenário político nacional.

O povo não vai esquecer dos desmandos da administração petista que jogaram o país na maior crise da sua história. Uma crise não só econômica, mas uma crise moral e ética sem precedentes, talvez com efeitos mais devastadores sobre a sociedade do que qualquer outra.

Estamos assistindo o ocaso de uma era que gostaríamos de esquecer.

Há um consenso entre analistas políticos que as revelações da justiça sobre o papel de liderança de Lula no esquema criminoso operado pelo Partido dos Trabalhadores serviram para demolir não só a base do partido como também a figura do ex-presidente, cujo peso eleitoral está virando pó.

Talvez ele agora, dentro da sua conhecida soberba, possa ter a humildade de reconhecer como é fugaz a glória do mundo.

Ele e seu partido, que está caindo aos pedaços, vítima de seus próprios erros e condenado pelas urnas.

Que o PT descanse em paz.

Faveco Corrêa

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