segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Ninguém nota, ninguém vê

Parece ser consenso que um dos segredos do sucesso é fazer a probabilidade trabalhar a favor. Faz sentido. Mas a gente frequentemente toma decisões que minimizam a chance de sucesso simplesmente por desejo de que a realidade seja melhor do que é.

Se o sonho é seguir carreira na iniciativa privada, estudar, progredir, trabalhar e alcançar resultados baseado em méritos próprios e meritocracia, é provável que este seja o caminho mais difícil, mais arriscado, e com recompensas menores e duvidosa. E, se tudo der errado, sem rede social ou aposentadoria digna. Como diriam, perdeu!

José Jiménez Aranda
Nos trópicos, isto não vale a pena. Racionalmente, a o melhor é procurar salários acima da media, estabilidade no emprego, segurança social diferenciada e aposentadoria privilegiada. A receita é concurso publico. Trabalhar para o Estado combina algo retorno com baixo risco. Imbatível. A vida como ela é.

Mas digamos, por outro lado, que o importante seja satisfazer o instinto empreendedor. Criar empresa, crescer, dar empregos, pagar todos os impostos, e vender exclusivamente par ao setor privado.

Se a burocracia não esmagar. Se o empreendimento sobreviver ao sistema tributário. Se aguentar o custo Brasil. Se tudo der certo, ainda não vai ser bom. Vai faltar financiamento. E vai ser difícil conseguir clientes não relacionados ao Estado. Perdeu de novo!

Pessoas físicas e jurídicas tem em comum que, de acordo com o pervertido sistema capitalista criado nos trópicos, relacionamento privilegiado com o Estado é condição fundamental para o sucesso.

E conseguir este relacionamento requer métodos específicos. E envolvimento e influência nas decisões econômicas e empresariais tomadas por este mesmo Estado. É sem duvida uma especialidade. Infelizmente, especialização que não gera benefícios para a sociedade.

No capitalismo tropical, Robin Hood irremediavelmente engrossaria a fila dos desempregados. Tira-se de todos, para dar a alguns. De todo lado. E ponto.

Através da entronização de privilégios na constituição, nas leis, nas instituições, na cultura, o país vive de administrar exceções. E cada um de seus cidadãos, cada empresa, cada instituição, luta para se enquadrar nas tais exceções.

No final, o que resta é um modelo falido. Com compromissos e benefícios na maior parte das vezes injustificáveis, inexplicáveis, inexplicáveis, mas protegidos com unhas e dentes.

A injustiça, a falta de sentido, a maldade insolente de um sistema de benefícios e privilégios ineficiente, injusta e impagável está incorporada a realidade. É aceita. Não é questionada.

Virou paisagem. Ninguém nota. Ninguém vê.

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